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colunas folhadas a ouro e uma banheira de hidromassagem avaliada em 60
mil dólares, entre outros exotismos. Dois anos antes, em 2005, quando já era
monitorado pela Polícia Federal, tentou aplicar uma surra em um italiano que
lhe devia uma fortuna em drogas e havia sido preso em Guarulhos. Precisou
pedir autorização aos disciplinas do PCC, que ajudaram a pressionar o italiano
a saldar a dívida com o libanês. Quando Nasrallah foi para o sistema
penitenciário, seria mais um grande nome a integrar a rede de simpatizantes
do PCC. [7] A parceria era o caminho natural mesmo para os grandes. A
alternativa seria bater de frente com o Partido, o que, com o passar do tempo,
se tornaria uma briga praticamente suicida, mesmo para os até então
intocáveis traficantes da rede, como testemunharia Jorge Rafaat Toumani, o
Rei da Fronteira, executado nas ruas de Pedro Juan Caballero.
Dentro do sistema dominado, restava a eles a única opção de se associar
aos irmãos como garantia de segurança durante o cumprimento da pena e
para dar continuidade aos negócios do lado de fora. Conforme os peixes
grandes saíam de cena, a rede construída pelo PCC dentro das prisões firmava
novas parcerias com esses traficantes que ingressavam nos presídios,
ampliando a complexidade e o poder de mercado do grupo. Mas, desse ponto
até a construção da Sintonia dos Estados e Países, setor do PCC responsável
pela gestão dos negócios da facção nos estados brasileiros, à exceção de São
Paulo, e nos países onde estão presentes (Paraguai e Bolívia, principalmente),
foi preciso trilhar um longo e conflituoso caminho, pavimentado por
discursos e narrativas que propunham a paz, mas, paradoxalmente, tinham na
guerra uma via sempre possível.
Diferentemente dos esquemas criminosos de membros do CV, como os do
próprio Fernandinho Beira-Mar, o PCC passou a organizar uma rede de
distribuição própria, “institucional”. Os esquemas individuais de traficantes
parceiros do PCC, ou daqueles que se associavam tardiamente ao Partido,
inseridos em redes diversas, continuaram atuando de forma mais ou menos
autônoma. A diferença é que eles passariam a também atuar em colaboração
eventual nos negócios do PCC. Os paulistas inovaram radicalmente ao
organizar uma rede nacional e internacional de criminosos parceiros, cujo