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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Líder Cabral até hoje está preso no Brasil e cumpre pena no Paraná.

Em entrevista à revista IstoÉ, Cabral disse que a entrega da sua cabeça à

quadrilha de Beira-Mar, pela alta cúpula da Dinar, custou 650 mil reais.

Descreveu em detalhes como o dinheiro foi entregue por Ramon Duret, o

Casimiro, homem de confiança de Douglas Ribeiro Cunha, na sede da Dinar

em Pedro Juan Caballero. Aliás, é fundamental ressaltar que Douglas, homem

de confiança de Beira-Mar e responsável por coordenar o massacre na

fortaleza de Líder Cabral, era foragido de um presídio de Ribeirão Preto e, já

à época, membro do PCC.

Por todos os seus contornos, é possível situar o massacre de Capitán Bado

como um divisor de águas nas relações criminais na fronteira, que abriria as

portas para uma nova e mais profunda reconfiguração do poder na região.

Naquele contexto de corrupção policial no Paraguai, com níveis altíssimos de

organização e violência, o conflito começou a ganhar um novo desenho. De

um lado, um grupo de criminosos vinculados aos narcotraficantes tradicionais

da fronteira; de outro, o grupo coordenado e liderado por criminosos

provenientes da região Sudeste do Brasil, especialmente do Rio de Janeiro e

de São Paulo. Nesse momento se fortalecia a parceria estratégica entre as

duas maiores facções brasileiras: PCC e CV.

Os anos que se seguiram foram decisivos para o fortalecimento do PCC nas

fronteiras. A detenção de Beira-Mar e seu sucessivo isolamento nas prisões

brasileiras, ao lado dos conflitos com os grupos de traficantes tradicionais na

fronteira – como a família Morel e Líder Cabral –, acabaram por enfraquecer

substancialmente a capacidade desses grupos de controlar aqueles territórios.

Teve início uma corrida para ocupar as rotas e o espaço deixados no

mercado, assim como surgiram oportunidades para novos arranjos nas redes

criminais. A ocupação desse vácuo de poder envolveu disputas mais ou

menos violentas entre diversos atores, quadrilhas e grupos. Mas, a partir do

início da década de 2000, o PCC assumiu o protagonismo na cena criminal

fronteiriça. A presença de Douglas no massacre de Capitán Bado seria a

primeira notícia a respeito de um membro do PCC na fronteira. No episódio de

2002, Douglas liderou uma ação cujo principal beneficiário ainda era a

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