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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Após a guerra travada com a família Morel e a prisão de Beira-Mar,

Carlos Arias Cabral, o Líder Cabral, conhecido traficante paraguaio que

atuava junto ao clã Morel, entrou em confronto com a quadrilha do traficante

do Rio de Janeiro. Ele se organizava para assumir o lugar de seu antigo aliado

e derrubar o brasileiro, mas não contava com a disposição do rival para o

confronto. A disputa iniciada por Beira-Mar um ano antes apresentaria um

novo capítulo em 9 de janeiro de 2002, dia em que a luxuosa sede da

propriedade de Líder Cabral, em Capitán Bado, foi invadida por vinte

homens armados. Cabral conseguiu fugir pulando o muro da casa, mas, em

uma das maiores chacinas da história da fronteira, onze pessoas foram

metralhadas e mortas, entre elas a esposa do traficante e o seu filho de apenas

três anos.

O massacre ocorrido em Capitán Bado só foi possível pela cumplicidade e

colaboração ativa que Beira-Mar conseguiu comprar de agentes da extinta

Divisão Antinarcóticos (Dinar) paraguaia, pagos até então para dar proteção a

Cabral. Antes, naquele mesmo mês de janeiro, agentes aliados a Cabral

avisaram-no de que haveria uma batida policial em sua residência. Seguindo

a sugestão desses policiais corruptos, ele reduziu a segurança da fortaleza na

data acordada, buscando evitar algum flagrante. No dia 9, os policiais de fato

apareceram em sua casa; contudo, não estavam sozinhos. Divididos e

organizados em grupos, invadiram a fortaleza do Líder pela porta da frente, e

pela porta dos fundos entraram os aliados de Beira-Mar armados com fuzis

AR-15 e M-16, metralhadoras Uzi e granadas. O filho de Cabral morreu com

um tiro de fuzil.

Após o massacre, o traficante paraguaio ainda reuniu forças para um

revide. Nas semanas que se seguiram, mais de vinte pessoas foram

assassinadas. Propriedades rurais suspeitas de pertencer a colaboradores de

Beira-Mar foram incendiadas. Cabral, contudo, acabou fugindo da região e se

instalando na cidade de Andresito, na Argentina, próxima à tríplice fronteira

com Brasil e Paraguai. De lá, Cabral continuou traficando maconha para o

Brasil e ia, com frequência, às cidades paranaenses de Capanema e Planalto.

Até que, em julho de 2010, acabou preso em meio à Operação Liderança,

desencadeada pela Polícia Federal brasileira com o apoio da Senad paraguaia.

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