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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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um comparsa, numa escuta captada pela polícia.

Em busca de legitimidade para as ondas de ataques em São Paulo, a

facção se apropriou do jargão das comunidades eclesiais de base e demais

movimentos sociais que atuaram nas periferias de São Paulo nos anos 1970 e

1980 e que já denunciavam a opressão do sistema naquela época. O

Minimanual do guerrilheiro urbano, de Carlos Marighella, publicado em

junho de 1969 pela Ação Libertadora Nacional (aln), também serve de

referência ao PCC. O manual defende o “uso dos meios de comunicação de

massa para desmoralizar o governo”. No passado, em 15 de agosto de 1969,

doze guerrilheiros ligados à ALN tomaram os transmissores da Rádio

Nacional para transmitir um discurso de Marighella contra a ditadura e a

favor de um governo popular. No dia 13 de agosto de 2006, 37 anos depois,

um manifesto do PCC foi lido na Rede Globo como exigência para a

libertação do repórter Guilherme Portanova, sequestrado um dia antes ao lado

do cinegrafista da emissora. À 0h28 de domingo, o repórter Cesar Tralli

entrou no ar em rede nacional num plantão de três minutos e 36 segundos.

Informava a condição imposta pelo PCC: a veiculação da íntegra de um

manifesto produzido pela facção com reivindicações a respeito do sistema

carcerário.

A Globo só não veiculou alguns trechos do DVD em que eram mostradas

armas pesadas, como fuzis, pistolas e bananas de dinamite. No filme, aparece

um homem jovem, com uma touca ninja e um blusão azul, lendo um texto.

Durante a leitura, ele faz algumas confusões como trocar a palavra

“iluminismo” (referência ao movimento iluminista do século XVIII) por

“ilusionismo”. Ao fundo, aparece a frase pichada “PCC luta pela injustiça

carcerária Paz e Justiça”. No manifesto, ele critica o rigor das punições e as

condições dos presídios:

Como integrante do Primeiro Comando da Capital venho pelo único meio

encontrado por nós para transmitir um comunicado para a sociedade e os

governantes. A introdução do Regime Disciplinar Diferenciado, pela Lei

10.792 de 2003, no interior da fase de execução penal, inverte a lógica da

execução penal. […] O Regime Disciplinar Diferenciado agride o

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