04.10.2021 Views

A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

por um dos principais assaltos praticados pelos integrantes do PCC: quando

estava na rua, em 1998, articulou minuciosamente o roubo de 15 milhões de

reais de uma transportadora de valores. Suas divergências com as antigas

lideranças se tornaram públicas depois do assassinato de sua ex-mulher, a

advogada Ana Olivatto, em outubro de 2002. Cesinha e Geleião vinham

promovendo atentados a bomba e defendendo o confronto direto com o

Estado. Marcola era contra essa estratégia e conseguiu isolar os dois depois

do crime. Eles foram expulsos do Partido e jurados de morte. Tudo indica, no

entanto, que sua trajetória ao topo demandou paciência e articulação, já que

várias lideranças precisaram morrer entre 2001 e 2002 antes que o caminho

ficasse livre. Marcola então criou um novo modelo de negócio capaz de

fortalecer o PCC. A alternativa óbvia era cair de cabeça no tráfico de drogas.

O objetivo central da facção continuaria o mesmo: trabalhar politicamente

para o bem da massa carcerária e do crime, de seus parentes e vizinhos. A

mudança seria na maneira de financiar a burocracia que trabalhava para a

organização. Em vez da cobrança de mensalidades – que alguns chegaram a

apontar como extorsivas e opressoras –, o dinheiro principal viria da venda de

drogas. A contribuição seria paga apenas pelos irmãos em liberdade. O PCC

também passaria a oferecer drogas aos varejistas das quebradas, aproveitando

para angariar clientes dispostos a “ficar bem” com a facção. A massa

carcerária, aqueles que não faziam parte das fileiras da organização, estava

dispensada de contribuir. A única exigência era obedecer às normas impostas

pelo PCC dentro da prisão.

A diplomacia viria em primeiro lugar, mas a violência ainda seria um

elemento importante contra quem não se submetesse aos interesses do

Partido. Foi o caso de Gulu, o principal traficante da Baixada Santista e

obstáculo às pretensões de Marcola de transformar o modelo de venda de

drogas no estado. Em julho de 2005, em um intervalo de duas horas, Gulu e

cinco pessoas próximas a ele foram mortos em três presídios diferentes. No

mesmo horário, o irmão de Gulu foi assassinado nas ruas da Baixada. Vinte

pessoas ligadas ao antigo chefe morreriam nos dias seguintes. Os donos das

bocas de fumo do Litoral Sul passavam então a aceitar as novas regras da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!