04.10.2021 Views

A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Raiva da polícia, armas em abundância, ambição, desordem, inveja,

maldade por todos os lados, imprevisibilidade, falta de perspectiva em

relação ao futuro, esses problemas estavam concentrados nos bairros pobres,

onde o mundo do crime começa a se consolidar como atividade de boa

remuneração, status, adrenalina, virilidade, entre outros fatores. Em troca,

quem faz parte desse mundo se arrisca a morrer jovem, a ser preso e a

fragilizar os laços com amigos e parentes que não fazem parte dessa vida. É

nesse ambiente que o PCC articula o discurso e pavimenta o caminho para

aqueles que se rebelam contra esse sistema. “O crime precisa se unir. O crime

fortalece o crime. Os inimigos são as polícias e o sistema.” O Massacre do

Carandiru, em 1992, foi a motivação derradeira para canalizar os esforços na

mesma direção e conferir ao mundo do crime um governo paralelo capaz de

proteger os criminosos. O mecanismo de controle dependeria fortemente do

sistema prisional e de sua conexão intensa com as quebradas.

***

Desde a fundação do PCC, muito sangue foi derramado até que uma nova

ordem fosse imposta. A conquista da hegemonia nas prisões fez parte da

primeira fase de crescimento da facção. Foi preciso eliminar dissidências e

convencer os demais presos – que entravam e saíam diariamente do sistema –

que esse avanço era feito em nome das massas carcerárias.

Os líderes do novo grupo se esmeravam para mostrar força e poder aos

colegas atrás dos muros. Além de proselitismo e retórica, muitas cabeças

seriam cortadas e corações arrancados como forma de demonstrar força.

Cesar Augusto Roriz, o Cesinha, era descrito como orador carismático e

destemido ladrão de banco. Tinha fama de desequilibrado, capaz de espetar

cabeças de inimigos em estacas. Ganhou o apelido de “Exuzinho”, e seus

crimes dentro da cadeia lhe renderam sete anos de isolamento em Taubaté.

Outro integrante do comando inicial era Jonas Matheus, o ex-açougueiro e

exímio decapitador a serviço do PCC nos anos 1990. José Márcio Felício, o

Geleião, media 1,90 metro e pesava cerca de 130 quilos. Ele realizou o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!