Monografia Sertões: Travessias
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
40marcas); a questão da importação em massaque complicou bastante, das costureiras de mãocheia que cada vez é mais difícil encontrar, quenão são valorizadas e que cobram pouco pelotrabalho, e pelo tanto que trabalham não temseu sustento correspondente [...] achocomplicada essa relação da moda [...] na minharelação com moda/ vestir eu tenho buscado cadavez mais comprar menos peças e de melhorqualidade. (Silene Gomes de Lima, 49 anos)Sobre as dificuldades que encontram aose vesrem, a maior parte citou a dificuldade emachar peças que se adequem ao corpo atual,citando quesitos como tamanhos, modelagens,bom caimento. A entrevistada Ester chegou arelacionar a dificuldade de modelagens para suafaixa etária, citando pontos principais comoombros, bustos e quadris maiores, a busca poruma cintura mais marcada. Estas observaçõesdestacam a necessidade de estudos deergonomia direcionados ao nicho.Ao equiparar o modo de vesr atual com10 anos atrás, as respostas foram diversas desdemudanças de tamanho, eslo e busca porconsumo mais consciente, até nenhumamudança observada. E sobre a relevância daidade na escolha de uma peça de roupa, amaioria acreditar não ter importância, mas simo que se adequa ao eslo e gosto pessoal.Quando quesonadas sobre o quebuscam ao se vesr, foram unânimes em elegero conforto, seguido da estéca. E sobre o quepriorizam na compra, o conforto e a estéca semanveram como prioritários, mas quesitoscomo durabilidade, qualidade, pracidade, sercombinável e se adequar ao momento de vida,também foram citados. Preço foi mencionado,mas como custo benecio, não como quesitoprincipal:“(sobre a peça de roupa) que seja confortável eque eu goste, que seja bonita também. O preçoàs vezes não tem tanta importância.” (MarinaGomes do Egito Minelli, mãe, viúva, aposentada,81 anos).Finalizando as questões sobre moda, foiperguntado se a pandemia poderia impactar naforma de vesr atual e se sim, como. Asrespostas na maioria confirmaram mudanças,enfazaram o conforto aliado à estéca (estarconfortável e apresentável para o home office),o aumento do consumo online, o consumo maisconsciente: reduzindo o volume, comprandomenos e peças mais duráveis, além da buscapela simplicidade.No meu modo de ver, acho que a pandemia vaisimplificar, vai trazer uma consciência de que eunão preciso de tanto. Acho que vai dar umaenxugada nos guarda-roupas, que serão peçasmais coringas. Acho que a pandemia trouxe isso,uma responsabilidade de planeta. Porque agente começa a observar quanto lixo a gentejunta, quanta coisa que a gente tem e não usa,quanta coisa a gente compra por impulso.(Solange Gomes de Lima, 60 anos).O úlmo bloco da entrevista, abordousobre durabilidade e descarte de peças deroupas. A durabilidade média ficou entre 5 anosda compra ao descarte, das peças que durammais, o tempo variou entre mais de 10, 20 e atémais 30 anos dependendo da entrevistada. Amaioria indicou peças de inverno como maisduráveis por optarem por modelos maiscombináveis, de melhor qualidade e se exporema menos tempo de uso comparado às outrasestações, o casaco foi o modelo indicado comomais duradouro.Eu tenho um casaco de lã ... um blazer, que eutenho desde que tinha 25 anos. Mas ele é umblazer italiano [...] sabe aquela lã boa? Então,esse eu não me desfiz, ele é preto, ele é clássico,não vai sair de moda. (Maria de Fátima da Silva,59 anos).
41Infelizmente nesse momento não, mas eu vejoque é um processo natural. Eu vou começar sim,por uma questão de planeta mesmo [...] eu estouem atenção com relação como é feita, quanto issogera de lixo para o planeta, quanto que gera deproduto químico [...] se uma roupa rasgou, elavira um pano de chão, ela vai para o lixo, mas seela é de um material complicado não vai sedissolver nunca, muita calma nessa hora.Não faço ideia por onde começar a entender quemtrabalha com mão-de-obra escrava, com quemmexe com tintura com química [...] os materiaisque são utilizados como são produzidos, isso temcomeçado a me incomodar. (Solange Gomes deLima, 60 anos).Eu tenho me preocupado ... quando a roupa nãotem condições de ser doada e jogar onde? Isso éo mais difícil para mim. (Marina Gomes do EgitoMinelli, 81 anos).Ao perguntar se uma peça com maisopção de uso teria uma vida úl mais longa, amaioria entende que não, pois acreditam nãoimpactar no descarte dessa peça. E quandoquesonadas se uma peça com mais de umaopção de uso seria um diferencial para acompra, a maior parte acredita ser indiferente.Porém das mulheres entre 40 e 49 anos, duas(de três) destacaram ser essencial para adecisão de compra:Para mim é muito importante se ela (a peça)tem mais de uma opção de uso. Eu gosto muitodisso porque você consegue reinventar muitoslooks, para uma viagem é uma peça que vocêpode levar com certeza. [...] com certeza é umadecisão na hora da compra. (Camila BaltazarBragatto, 42 anos).Quando quesonadas sobre o descarte,foram unânimes em indicar a doação ao sedesfazerem da peça. Contudo ao seremquesonadas se a procedência e forma dedescarte eram importantes para a decisão decompra, todas citam a importância destasinformações, mas a maioria (07 de 08entrevistadas) reconhecem que não é um fatordeterminante na compra, pois não sabem ondebuscar tais orientações. Todas demonstrampreocupações com questões écas eambientais, mas ressaltam a dificuldade de teracesso a informações com transparência econfiabilidade.As entrevistas encerraram solicitando àsparcipantes fotos de looks em que gostam de simesmas, estas imagens auxiliarão nos estudosergonômicos e de silhuetas, para a elaboraçãode produtos. As perguntas estão disponíveis noAnexo II.3.1.3 Análise dos resultadosAo alinhar os estudos bibliográficos, coma pesquisa quantava e à pesquisa qualitava(entrevistas), é possível observar que existe umamudança de comportamento em relação aoenvelhecimento, em especial o feminino focodeste projeto. Que de forma geral, o eslo devida sobrepõe à faixa etária e que apesar deexisr uma preocupação com a saúde e aslimitações que o passar do tempo trazem,formas de viver mais libertas estãoredesenhando os caminhos para a velhice. Apesquisa confirmou que as mulheres se sentemmais jovens: o grupo feminino entre 40 e 49 anosnão se enquadra mais como meia-idade, assimcomo mulheres com 60 anos ou mais estãoavas, com projetos de vida.Importante destacar que apesar deexisr termos para idenficar estes novos grupos(ageless, agefull, perennials, pleasure growersou greynnaisance) poucas conhecem e seidenficam com algum destes. Nas entrevistas, amaioria preferiu não nomear a própria faixaetária, pois não se sentem com elas.
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Infelizmente nesse momento não, mas eu vejo
que é um processo natural. Eu vou começar sim,
por uma questão de planeta mesmo [...] eu estou
em atenção com relação como é feita, quanto isso
gera de lixo para o planeta, quanto que gera de
produto químico [...] se uma roupa rasgou, ela
vira um pano de chão, ela vai para o lixo, mas se
ela é de um material complicado não vai se
dissolver nunca, muita calma nessa hora.
Não faço ideia por onde começar a entender quem
trabalha com mão-de-obra escrava, com quem
mexe com tintura com química [...] os materiais
que são utilizados como são produzidos, isso tem
começado a me incomodar. (Solange Gomes de
Lima, 60 anos).
Eu tenho me preocupado ... quando a roupa não
tem condições de ser doada e jogar onde? Isso é
o mais difícil para mim. (Marina Gomes do Egito
Minelli, 81 anos).
Ao perguntar se uma peça com mais
opção de uso teria uma vida úl mais longa, a
maioria entende que não, pois acreditam não
impactar no descarte dessa peça. E quando
quesonadas se uma peça com mais de uma
opção de uso seria um diferencial para a
compra, a maior parte acredita ser indiferente.
Porém das mulheres entre 40 e 49 anos, duas
(de três) destacaram ser essencial para a
decisão de compra:
Para mim é muito importante se ela (a peça)
tem mais de uma opção de uso. Eu gosto muito
disso porque você consegue reinventar muitos
looks, para uma viagem é uma peça que você
pode levar com certeza. [...] com certeza é uma
decisão na hora da compra. (Camila Baltazar
Bragatto, 42 anos).
Quando quesonadas sobre o descarte,
foram unânimes em indicar a doação ao se
desfazerem da peça. Contudo ao serem
quesonadas se a procedência e forma de
descarte eram importantes para a decisão de
compra, todas citam a importância destas
informações, mas a maioria (07 de 08
entrevistadas) reconhecem que não é um fator
determinante na compra, pois não sabem onde
buscar tais orientações. Todas demonstram
preocupações com questões écas e
ambientais, mas ressaltam a dificuldade de ter
acesso a informações com transparência e
confiabilidade.
As entrevistas encerraram solicitando às
parcipantes fotos de looks em que gostam de si
mesmas, estas imagens auxiliarão nos estudos
ergonômicos e de silhuetas, para a elaboração
de produtos. As perguntas estão disponíveis no
Anexo II.
3.1.3 Análise dos resultados
Ao alinhar os estudos bibliográficos, com
a pesquisa quantava e à pesquisa qualitava
(entrevistas), é possível observar que existe uma
mudança de comportamento em relação ao
envelhecimento, em especial o feminino foco
deste projeto. Que de forma geral, o eslo de
vida sobrepõe à faixa etária e que apesar de
exisr uma preocupação com a saúde e as
limitações que o passar do tempo trazem,
formas de viver mais libertas estão
redesenhando os caminhos para a velhice. A
pesquisa confirmou que as mulheres se sentem
mais jovens: o grupo feminino entre 40 e 49 anos
não se enquadra mais como meia-idade, assim
como mulheres com 60 anos ou mais estão
avas, com projetos de vida.
Importante destacar que apesar de
exisr termos para idenficar estes novos grupos
(ageless, agefull, perennials, pleasure growers
ou greynnaisance) poucas conhecem e se
idenficam com algum destes. Nas entrevistas, a
maioria preferiu não nomear a própria faixa
etária, pois não se sentem com elas.