Monografia Sertões: Travessias

Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021). O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam. As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino. Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).

O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.

MarianaL.Maciel
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21.09.2021 Views

322.2.42.2.5 GreynnaisanceseverinaConsiderados idosos que buscam viverexperiências felizes, os Pleasure Growers são osBaby boomers que procuram tercomportamentos alinhados aos valoresmodernos e não se aceitam como pessoastradicionais da terceira idade, de acordo comFrancesco Morace, autor do termo. Para Morace,essa é uma geração que viveu a revolução sexual,quebrando tabus e agora vem trazer vitalidaderompendo com preconceitos da velhice também.São pessoas com ideias claras do próprio futuro,com mais tempo para se dedicarem si mesmos epara o que sempre sonharam, mas muitas vezesnão veram tempo ou condições de realizar(MORACE, 2012).Denominados em uma publicação sobreconsumo, o autor direcionou os PleasureGrowers como um potencial grupo deconsumidores, relatando comportamentos eescolhas voltados mais à compra do que ao eslode vida em si. Contudo, Morace enxergou nestegrupo um diferencial que não se caracteriza peloperfil convencional de idosos compreendido pelasociedade de modo geral.Específico de um grupo, mas aindadentro do eslo de vida atemporalgreynnaisances são modelos, influenciadorascom mais 50, 60 anos que estão sendorecrutadas pela indústria da moda e publicidadepara se comunicar com sua geração e atégerações mais novas.Pesquisadores de tendências sinalizamque este movimento começou em 2015, quandoJoan Didion foi convidada a estrelar a campanhade verão da francesa Céline, com 80 anos naépoca a escritora tornou-se o rosto da marca.Este caso foi icônico, porém não isolado, outrasmarcas de luxo como Lanvin, Calvin Klein e SaintLaurent trouxeram greynnaisances paraprotagonizar suas campanhas (MATOS, VoguePortugal online, 18/04/2018).Estas são mulheres joviais, modernas,vivem o presente, são ligadas a moda e aestéca, mas assumem os cabelos brancos, asrugas e marcas dos tempos com naturalidade eleveza. Representam um mercado em ascensão,mas ainda um grupo raro de modelos (RevistaCatarina, 13/01/2021).Entre tantas terminologias há umatendência de a sociedade classificar e rotular umgrupo que busca ser livre de rótulos, masindependente do tulo é possível delinear ummovimento de ressignificação doenvelhecimento, que passa avamente pelouniverso feminino e encontra novas formas deviver o mundo contemporâneo bem como omomento de vida em que se encontram.Confirmando o conceito de Debert de que ocomportamento e eslo de vida estão à frente dafaixa etária (1997) e influenciando a moda,publicidade e o consumo em geral a ofertaremprodutos e serviços que estejam alinhados comos valores deste grupo. Assim como a sociedadede modo geral compreender as novas narravasque estão sendo propostas por estas mulherescontemporâneas atemporais.

333 MULHERESSer mulher é ser plural. Apesar de idenficadas pelo sexofeminino, ser mulher está muito além de uma designação biológica.Diversas entre si, mulheres existem socialmente e incluem diversidadesde idades, crenças, constuições familiares, comunidades, classessociais, culturas, nações etc., entre tantos aspectos, mas muitosmoldados por regras sociais e costumes em consequência dasestruturas de poder (TILLY, 2007).A idendade feminina é heterogênea e um connuo processode construção, constui uma visão sobre si mesma e o mundo, mas aomesmo tempo é resultante do olhar do outro, sendo composta pelodiscurso do seu interlocutor, ou seja, a idendade feminina também serevela pelo reflexo de que a sociedade constrói sobre ela, muitas vezesem decorrência do discurso masculino dominador ao longo da história(VIEIRA, 2005). Mas as lutas feministas nesse ínterim, trazem espaço evoz ao feminino, fazendo parte da composição da idendade da mulhercontemporânea.Entretanto, o que é ser uma mulher contemporânea?Contemporâneo no dicionário é definido como algo ou alguém dotempo atual (AULETE, 2008), neste contexto ser contemporâneo, podeser entendido como alguém caracterísco do seu tempo, que vive ospreceitos e realidades do momento vigente. Todavia, para o filósofoGiorgio Agamben, pertencem genuinamente ao seu tempo aqueles quenão coincidem plenamente com o tal, justamente por não seadequarem as pretensões são mais capazes, em relação aos demais, decaptar e assimilar a época em que vivem. Na visão do autor, quemcorresponde perfeitamente a seu tempo não está apto para enxergá-loou percebê-lo, só o compreende quem mantém um olhar fixosobre o tempo vigente e assim, observa o que está nasentrelinhas, o que está velado e não exposto (AGAMBEN,2009).Neste projeto, ser uma mulher contemporâneasignifica ter uma relação própria com a vida ecom o envelhecimento, que precisamente por destoardos padrões estabelecidos pela sociedade atravésdos anos, são capazes de compreender os sinaisimplícitos da modernidade, vivendo e atuando no tempopresente com o olhar fixo em todas as possibilidades,na liberdade de ser o que desejar.E no intuito de abranger todas as mulheres de 40,50, 60 anos ou mais, criou-se o termo Contemporâneas +.Neste contexto, o sinal de mais “+” procura englobar asmulheres que independentemente da faixa etária buscamser mais que os limites do tempo e da sociedade,reafirmando a pluralidade e liberdade feminina.

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2.2.5 Greynnaisanceseverina

Considerados idosos que buscam viver

experiências felizes, os Pleasure Growers são os

Baby boomers que procuram ter

comportamentos alinhados aos valores

modernos e não se aceitam como pessoas

tradicionais da terceira idade, de acordo com

Francesco Morace, autor do termo. Para Morace,

essa é uma geração que viveu a revolução sexual,

quebrando tabus e agora vem trazer vitalidade

rompendo com preconceitos da velhice também.

São pessoas com ideias claras do próprio futuro,

com mais tempo para se dedicarem si mesmos e

para o que sempre sonharam, mas muitas vezes

não veram tempo ou condições de realizar

(MORACE, 2012).

Denominados em uma publicação sobre

consumo, o autor direcionou os Pleasure

Growers como um potencial grupo de

consumidores, relatando comportamentos e

escolhas voltados mais à compra do que ao eslo

de vida em si. Contudo, Morace enxergou neste

grupo um diferencial que não se caracteriza pelo

perfil convencional de idosos compreendido pela

sociedade de modo geral.

Específico de um grupo, mas ainda

dentro do eslo de vida atemporal

greynnaisances são modelos, influenciadoras

com mais 50, 60 anos que estão sendo

recrutadas pela indústria da moda e publicidade

para se comunicar com sua geração e até

gerações mais novas.

Pesquisadores de tendências sinalizam

que este movimento começou em 2015, quando

Joan Didion foi convidada a estrelar a campanha

de verão da francesa Céline, com 80 anos na

época a escritora tornou-se o rosto da marca.

Este caso foi icônico, porém não isolado, outras

marcas de luxo como Lanvin, Calvin Klein e Saint

Laurent trouxeram greynnaisances para

protagonizar suas campanhas (MATOS, Vogue

Portugal online, 18/04/2018).

Estas são mulheres joviais, modernas,

vivem o presente, são ligadas a moda e a

estéca, mas assumem os cabelos brancos, as

rugas e marcas dos tempos com naturalidade e

leveza. Representam um mercado em ascensão,

mas ainda um grupo raro de modelos (Revista

Catarina, 13/01/2021).

Entre tantas terminologias há uma

tendência de a sociedade classificar e rotular um

grupo que busca ser livre de rótulos, mas

independente do tulo é possível delinear um

movimento de ressignificação do

envelhecimento, que passa avamente pelo

universo feminino e encontra novas formas de

viver o mundo contemporâneo bem como o

momento de vida em que se encontram.

Confirmando o conceito de Debert de que o

comportamento e eslo de vida estão à frente da

faixa etária (1997) e influenciando a moda,

publicidade e o consumo em geral a ofertarem

produtos e serviços que estejam alinhados com

os valores deste grupo. Assim como a sociedade

de modo geral compreender as novas narravas

que estão sendo propostas por estas mulheres

contemporâneas atemporais.

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