Monografia Sertões: Travessias
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
302.2.1 Agelessrande sertão: veredasseverinaAgeless generation, também conhecidacomo geração sem idade, é o termo ulizadopara designar a geração de pessoas que não seidenficam com a idade cronológica e com operfil que a sociedade espera dessa faixa etária.O conceito começou a ser estudado a princípiopela gerontologia, área da medicina que estudao envelhecimento e a longevidade. E difundidoem 1986 por Sharon Kaufman, autora do livroThe Ageless Self: Sources of Meaning in Late Life;a professora de medicina antropológicareconheceu em pesquisas sobre a velhice,pessoas que não se encaixavam nos gruposetários da época e percebiam-se sem idade. Aparr dos anos 2000 passou a ser adotado pelapublicidade e moda com posição de tendência(PINHEIRO; MONARCHA, 2019).Inclassificáveis como são tambémdenominadas, as mulheres ageless não aceitamrótulos, vivem, se vestem, se relacionamconforme o eslo de vida que desejam. MiriamGoldenberg, informa que esta é uma geraçãoque transformou comportamentos, tornou asexualidade mais livre e prazerosa, legimounovas formas de relacionamentos amorosos,conjugais e formas de vivenciar uma família.Ampliou os significados de ser mãe, ser avó eagora está transformando o envelhecimento(GOLDENBERG, 2013). Porém por serinclassificável o termo foi além da geração que oiniciou e se aplica a todas as mulheres que sesentem livres e não se conformam em aceitar oenvelhecimento de maneira pejorava. ContudoGoldenberg, esclarece ageless são pessoas quenão aceitam imposições e respeitam suasingularidade, por isso também não estãoparalisados em busca da juventude eterna e nemda própria versão mais jovem, buscamenvelhecer à sua maneira (CARDOSO, Gazeta dopovo online, 30/03/2015).Entre os muitos exemplos de mulheresageless que encontramos na sociedadecontemporânea, vale destacar no Brasil a figurade Fernanda Montenegro, com 91 anos, mantémuma vida ava como mulher, mãe, avó, atrizentre tantas versões que pode ter de si mesma.Quando quesonada sobre idade, responde:Penso todos os dias. O tempo todo. Não queroser jovem e não me acho jovem, claro que não.Mas me sinto como um ser humano ativo. Estapalavra, “velha”, bem, deveriam inventar outraporque ela já vem contaminada de coisas como adecadência, a finitude. Os velhos sãoprodutivos, apesar de terem uma sociedade quesó cultua o novo. Existem velhos que produzeme muito. Uma pessoa de 80 anos dizer que sesente jovem é mentira. Se você é velho, vocêtem menos tempo de vida. (MOVIMENTOAGELESS, 25/03/2015).Nem jovem, nem velha, a fala deFernanda Montenegro corrobora a visão de quesua vida ava a torna inclassificável.
312.2.2 Agefull2.2.3Muito próximo do conceito, masdiferente na denominação, surge recentementede maneira informal, o termo agefull emquesonamento ao ageless. Parte das pessoasque se idenficam como sem equeta para afaixa etária, também não concordam que são“sem idade”, pelo contrário, enxergam suatrajetória de vida repleta de todas as idadesvividas, ou seja, passaram pelos 20, 30, 40...entre outras faixas etárias e chegam a atualrepletos de experiências. E por isso propõem otermo agefull, cheio de idade, complementandoo conceito de envelhecer à sua maneira, massem rejeitar qualquer idade.Sem autoria definida, o termo temganhado espaço nas falas de mulheres que seidenficam com o conceito. Em entrevista aoportal de nocias Terra sobre envelhecimento,escritora e publicitária Cris Guerra (que tambémse apresenta como mãe, palestrante,influenciadora digital, tatuada e múlpla) optoupelo termo ao falar de idade:Tenho todas as características das idades emmim. Às vezes, eu sou uma velhinha, às vezes,eu sou uma criança. Outro dia ouvi um termo,acho que do psicanalista Christian Dunker, queo termo melhor não é ageless, mas agefull(cheias de idade), porque nós não somos semidade, mas temos muitas idades. Isso significaque a gente tem 40, 50, 12, 2. Todas essaspessoas estão em nós. (ESPINOSSI, Terraonline, 19/08/2020).Livre para envelhecer da maneira quedeseja, reconhecendo todas as experiências emcada faixa etária e aceitando a idade atual porcompleto, as mulheres agefull ainda seidenficam como inclassificáveis e por issotambém não desejam negar a idade, propõemapenas um ajuste ao termo.Pesquisadores classificam as gerações deacordo com o período de nascimento e ainfluência histórica: acontecimentos,comportamentos, padrões sociais entre outroselementos para entender a influência de umageração. Temos relacionadas as seguintes: BabyBoomers nascidos entre 1945 e 1964, Geração Xentre 1965 e 1981, Millennials de 1982 a 2000 eGeração Z de 2000 a atual. No entanto, no ano de2016 um novo termo surgiu seguindo omovimento ageless já existente. A publicitária dosite The What, cunhou o termo perennials (quesignifica perenes) para idenficar pessoas quenão possuem idade definida. (PARRA, Você S/Aonline, 16/07/2020).Perennials são mulheres acima dos 40anos que não se classificam pela data denascimento, possuem uma mentalidade jovemao mesmo tempo que assumem o sico quepossuem. A faixa etária é o que menos importa,o recorte etário é amplo pois o que as destacamé o eslo de vida atemporal, que pode reunir dediversas idades. A autora do termo explica: “Sãopessoas movidas pela curiosidade, com a cabeçaaberta, que nunca param de aprender erecomeçar, se for preciso. Elas não vêm a vidacomo uma linha do tempo, mas como uma redede conexões e experiências”. (DI DOMENICO,Vogue online, 14/11/2019).A geração das perenes no Brasil foi aceitaprincipalmente por mulheres entre 40 e 50 anos.Movimentos de adesão surgiram,principalmente para debater o tema e trocarexperiências da mulher moderna madura.
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2.2.1 Agelessrande sertão: veredasseverina
Ageless generation, também conhecida
como geração sem idade, é o termo ulizado
para designar a geração de pessoas que não se
idenficam com a idade cronológica e com o
perfil que a sociedade espera dessa faixa etária.
O conceito começou a ser estudado a princípio
pela gerontologia, área da medicina que estuda
o envelhecimento e a longevidade. E difundido
em 1986 por Sharon Kaufman, autora do livro
The Ageless Self: Sources of Meaning in Late Life;
a professora de medicina antropológica
reconheceu em pesquisas sobre a velhice,
pessoas que não se encaixavam nos grupos
etários da época e percebiam-se sem idade. A
parr dos anos 2000 passou a ser adotado pela
publicidade e moda com posição de tendência
(PINHEIRO; MONARCHA, 2019).
Inclassificáveis como são também
denominadas, as mulheres ageless não aceitam
rótulos, vivem, se vestem, se relacionam
conforme o eslo de vida que desejam. Miriam
Goldenberg, informa que esta é uma geração
que transformou comportamentos, tornou a
sexualidade mais livre e prazerosa, legimou
novas formas de relacionamentos amorosos,
conjugais e formas de vivenciar uma família.
Ampliou os significados de ser mãe, ser avó e
agora está transformando o envelhecimento
(GOLDENBERG, 2013). Porém por ser
inclassificável o termo foi além da geração que o
iniciou e se aplica a todas as mulheres que se
sentem livres e não se conformam em aceitar o
envelhecimento de maneira pejorava. Contudo
Goldenberg, esclarece ageless são pessoas que
não aceitam imposições e respeitam sua
singularidade, por isso também não estão
paralisados em busca da juventude eterna e nem
da própria versão mais jovem, buscam
envelhecer à sua maneira (CARDOSO, Gazeta do
povo online, 30/03/2015).
Entre os muitos exemplos de mulheres
ageless que encontramos na sociedade
contemporânea, vale destacar no Brasil a figura
de Fernanda Montenegro, com 91 anos, mantém
uma vida ava como mulher, mãe, avó, atriz
entre tantas versões que pode ter de si mesma.
Quando quesonada sobre idade, responde:
Penso todos os dias. O tempo todo. Não quero
ser jovem e não me acho jovem, claro que não.
Mas me sinto como um ser humano ativo. Esta
palavra, “velha”, bem, deveriam inventar outra
porque ela já vem contaminada de coisas como a
decadência, a finitude. Os velhos são
produtivos, apesar de terem uma sociedade que
só cultua o novo. Existem velhos que produzem
e muito. Uma pessoa de 80 anos dizer que se
sente jovem é mentira. Se você é velho, você
tem menos tempo de vida. (MOVIMENTO
AGELESS, 25/03/2015).
Nem jovem, nem velha, a fala de
Fernanda Montenegro corrobora a visão de que
sua vida ava a torna inclassificável.