Monografia Sertões: Travessias
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021). O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam. As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
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Contudo, apesar de ainda
ser uma preocupação, segundo
Miriam Goldenberg, à medida que
envelhecem as brasileiras estão
encontrando cada vez mais ganhos.
Liberdade, felicidade e prazer estão
tomando lugar do preconceito,
doenças e a invisibilidade social nos
discursos de mulheres mais velhas
(GOLDENBERG, 2011).
Apesar de exisrem
estereópos de envelhecimento
radicados na sociedade, os úlmos
tempos têm revelado indivíduos que
não se conformam com rótulos
impostos pela idade. São mulheres
que passaram dos 40, 50 ou 60
anos4, mas se vestem como
desejam, possuem projetos de vida,
culvam o lado posivo de
envelhecer e não correspondem
com as expectavas sociais, pois
escolhem protagonizar a própria
história (PEREIRA; JAEGER, 2018).
Ao subverter o papel de
decadência para a de protagonista
de uma nova fase, encontram
diversas resistências, mas são
questões que estas estão
acostumadas a debater. Mulheres
de diferentes gerações têm formado
um novo conceito de feminino ao
longo dos tempos modernos com
diversos papéis sociais, rompendo
barreiras que muitas vezes
escandalizaram a sociedade, como
controlar a ferlidade tomando a
pílula anconcepcional, ao serem avas no mercado de
trabalho ou ao saírem para dirigir (FERREIRA apud PEREIRA;
JAEGER, 2018).
Confrontar os padrões etários é um processo
natural de uma sociedade contemporânea, em evolução. O
contemporâneo, segundo Agamben tem uma relação
singular com o próprio tempo por não coincidirem
perfeitamente com este, são capazes de perceber, aprender
e verdadeiramente viver seu tempo (2009). Assim mulheres
“40, 50, 60 mais” estão construindo uma nova idendade
para o envelhecer, transpondo os limites e imagens
socialmente pré-estabelecidos.
Romper com os padrões esgmazado de
envelhecimento também significa contestar os preconceitos
velados sobre a velhice e o curso natural do passar do
tempo. O conceito equivocado de inulidade da velhice, faz
com que haja discriminação com o próprio termo, que
possui diversos sinônimos: terceira-idade, idosa, melhor
idade, entre outros, encontrando no termo “velho” sendo
depreciavo.
No livro a Bela Velhice, Miriam Goldenberg
inspirada em Simone Beauvoir idenfica uma nova forma de
viver esta fase da vida, são pessoas que encontraram novos
propósitos, conquistaram a liberdade e almejam a felicidade
(GOLDENBERG, 2013). A bela velhice, propõe uma forma de
viver o passar do tempo, ou seja, um novo envelhecer
descoberto nas mulheres contemporâneas de 40, 50 ou
mais de 60 anos.
Junto das novas perspecvas deste movimento
feminino contemporâneo, outras terminologias têm
surgido: Ageless, Agefull, Perennials, Pleasure Growers,
Greynnaisances, são denominações similares, algumas mais
abrangentes, mas todos referem-se às pessoas que não se
reconhecem com a faixa etária cronológica e se idenficam
pelo eslo de vida.
4Optou-se por indicar as idades 40, 50, 60 anos ou mais por uma proximidade comportamental quanto a liberdade de envelhecimento
(não etária) e por serem grupos que trouxeram à tona este debate. Contudo, o conceito de livre envelhecimento
abrange mulheres além dos 60 anos que estão presentes no termo “mais”.