Monografia Sertões: Travessias
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021). O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam. As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
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1.1.3 Os sertões de Grande sertão: veredasseverina
“Sertão: é dentro da gente.” (ROSA,
2001, p.325). A frase singular de Riobaldo,
protagonista de Grande sertão: veredas, é uma
das grandes reflexões de Guimarães Rosa sobre
o sertão, lançada no ano de 1956. O romance,
considerado uma das obras mais significavas
da literatura brasileira, aborda a dualidade dos
sertões sobre a óca do lugar, das questões
existenciais do ser humano e da própria forma
de narrar. A começar pelo tulo, onde “grande”
confronta “veredas”, que são pequenos
caminhos. Segundo a psicóloga e críca literária
Yudith Rosenbaum, a própria linguagem da obra
é um sertão: “[...] a própria linguagem é um
sertão. É no sertão das palavras, é o sertão da
vida, é o sertão dos senmentos, dos afetos,
então esse sertão é um sertão sico, metasico
e linguísco.” (ROSENBAUM, Casa do Saber -
Youtube, 29/09/2016).
O sertão das palavras que Rosenbaum,
explana em vídeo para a Casa do Saber, é a
linguagem própria da obra, do autor e do lugar,
com palavras em que se compreendem não pelo
significado, muitas vezes inexistentes, mas pelo
contexto.
A narrava é um monólogo-diálogo de
um jagunço com um ouvinte indefinido, que
confidencia a própria história ao mesmo tempo
que reflete sobre ela. A trama não acontece de
forma cronológica, mas da maneira com que o
narrador vai unindo os fatos, contando como
entrou na jagunçagem ao mesmo tempo que se
quesona, dos caminhos e acontecimentos da
vida. Um jagunço que filosofa sobre o que é
escolha e o que é desno, que vive as angúsas
da guerra e de um amor até então inconcebível,
descrevendo sua travessia pelos sertões e pela
vida como um poeta.
Apesar de se passar nos sertões do
centro-oeste, Guimarães Rosa aborda o sertão
além dos limites geográficos, um sertão
existencial que ao mesmo tempo que está no
ambiente ecoa dentro do ser. “Sertão, - se diz -,
o senhor querendo procurar, nunca não
encontra. De repente, por si, quando a gente
não espera, o sertão vem.” (ROSA, 2001,
p.397).
Ao descrever seus encontros com os
sertões em seus senmentos, Riobaldo conta a
vida em bando nas veredas de Minas Gerais,
desde a infância pobre, a fuga da casa do
padrinho, da escolha por ser jagunço, das
batalhas, do pacto e principalmente da
atribulada amizade amorosa com Diadorim;
personagem que atravessa a vida do
protagonista na infância, se reencontram
adultos e determina o rumo da história. A
epopeia de Rosa é repleta de acontecimentos e
se encerra com a descoberta de Riobaldo sobre
a verdadeira idendade de Diadorim durante a
batalha final com o maior inimigo Hermógenes.
Os sertões de Grande sertão: veredas
misturam o concreto ao lúdico, fazem do
ambiente sico uma imensidão, abordam a vida
codiana bruta dos jagunços com delicadeza
poéca de quem debate questões da alma. A
relação tempo e espaço tornam-se inquietantes
por falta de limites e elevam-se a uma dimensão
mitológica (GRECO, 2011).
Sendo assim, os sertões de Guimarães
Rosa são metasicos pois propõem reflexões
existenciais sobre a vida, o lugar em que se
pertence, desígnios e desno. A travessia
proposta pela obra passa pelo sertão, mas
principalmente pelo ser e esta abordagem é
uma das vertentes mais relevantes que
imaginário popular brasileiro concebe sobre os
sertões.