Monografia Sertões: Travessias
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021). O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam. As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).
O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
18
1.1.1
Os sertões de Vidas secas
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas
manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro,
estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam
pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio
seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que
procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu
longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.
(Graciliano Ramos, Vidas secas, 1998, p.09)
O silêncio, a paisagem e o caminhar descritos no
primeiro parágrafo de Vidas secas, acompanham a obra em
toda esta narrava de Graciliano Ramos, lançada em 1938.
Fabiano, personagem principal da trama, é a figura do
vaqueiro bruto moldado pelo meio e circunstâncias em que
vive. A busca pelo sustento o leva a caminhar com sua
família sob o Sol, sem rumo e sem perspecvas pelo
“areião”. O deslocamento e a incerteza são elementos que
iniciam e encerram o livro, mostrando a vida recursiva dos
sertanejos que acompanham os ciclos das secas.
Graciliano Ramos, escreve de maneira que o leitor
possa começar a obra pelo capítulo que escolher. O
refinamento estéco do autor traz a caraterísca cíclica da
vida sertaneja rerante para a construção do texto,
delineando as existências de seus personagens em um
connuo perambular.
Fabiano, a mulher Sinhá Vitória e a cachorra Baleia,
são os pouco personagens que possuem nomes, os filhos do
casal chamados de “menino mais velho” e “menino mais
novo” em nenhum momento são nomeados, mesmo sendo
personagens avos. Trazendo a reflexão sobre a indiferença,
em especial com a infância, onde são privados até da
própria idendade.
A críca do contexto social permeia toda a obra: o
caminhar sem pouso, o pouso sem dignidade, a fome que
acompanha a seca, a seca que obriga a migrar. Entretanto
Ramos, militante de causa sociais, não denuncia apenas o
abandono social, aborda também a exploração lafundiária,
opressão autoritária e a humilhação que colocam seus
personagens em constante submissão. Descreve Fabiano
como um homem animalizado pelo insnto de
sobrevivência e paradoxalmente humaniza Baleia, a cadela
magra das secas que leva o nome de um robusto animal
marinho.
Vidas secas retrata com
fidelidade o ambiente seco e árido
da caanga, mas o coloca em função
de seus personagens. É o ser
humano que conduz a trama que
mesmo silenciosa dá voz ao sujeito
oculto dos sertões, como observa
Álvaro Lins no prefácio da
publicação. A obra se encerra com a
família voltando a peregrinar, com
um diálogo de esperança põem-se a
sonhar com a vida melhor em um
desconhecido, porém outro lugar.
A críca social alinhada a
narrava realista são propriedades
dos sertões de Graciliano Ramos
que cooperam para a constuição
da região no pensamento social
brasileiro.