Monografia Sertões: Travessias

Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021). O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam. As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino. Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Moda & Criação da Faculdade Santa Marcelina, para obtenção do título de Especialista em Moda e Criação (Ago/2021).

O Trabalho de Conclusão de Curso Sertões: travessias apresenta uma pesquisa e o desenvolvimento de uma coleção de moda feminina inspirada nos sertões do imaginário brasileiro oriundos da poética da literatura sertanista, em especial das obras de Grande sertão: veredas, Vidas secas e Morte e vida severina. Direcionada para mulheres com 40, 50, 60 anos ou mais, visa propor a reflexão sobre o envelhecimento feminino e a liberdade das mulheres contemporâneas em ser o que desejam.
As pesquisas e metodologias realizadas estão detalhadas na presente monografia, igualmente a criação e desenvolvimento da coleção, com estudos, croquis e looks confeccionados, que objetivam através da moda, resgatar e valorizar a cultura nacional, bem como o livre envelhecimento feminino.

MarianaL.Maciel
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21.09.2021 Views

16Figura 02: Estéca do Cangaço - Registro de Benjamin Abrahãodo bando de Lampião 2Outro po de jagunços que se reuniam em gruposinerantes de leis próprias, foram os cangaceiros. Formadopor homens livres desejosos por “fazer jusça a seu modo”,ora defendendo ora aterrorizando cidades, o movimentosocial nordesno ocorrido entre o final do século XIX e iníciodo século XX, desafiava o governo. Tendo nomesemblemácos como Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, ocangaço apesar de ser específico do Nordeste, seassemelhava a jagunçagem quanto a organização, prácasde convivência, subordinação, saques, confisco, estratégiade combate, trato ao inimigo e códigos de honra (TURCHI,2021). Entretanto estes sequestravam e assassinavamautoridades locais, o embate era principalmente contra ocoronelismo.A estéca do cangaço é um legado cultural daregião. Em artefatos de couro, os trajes picosextravagantes do grupo de Lampião, foram registrados pelofotógrafo Benjamin Abrahão, libanês que conquistou aconfiança do Rei do cangaço e ousou fazer um filme,conseguindo imagens e relatos históricos de momentosínmos do codiano do bando. Lampião que liderou obando de 1922 a 1938, fazia dessa exposição uma arma paraconsolidar seu presgio e inmidar adversários (INSTITUTOMOREIRA SALLES, [201-?]).Mediante o exposto, todasas vertentes que ampliam caminhosdo sertão, levam a aceitar aelucidação poéca de GuimarãesRosa de que o sertão é do tamanhodo mundo, com tantaspossibilidades onde as certezas sãoapenas os contrastes e apluralidade. Talvez seja a escrita dapalavra em separação silábica nodicionário: “ser.tão”, a definiçãomais próxima do que consiste: “ser”como exisr, “tão” com talintensidade, logo sertão é exisrcom tal intensidade que não cabemem um único sertão, por isso nopresente projeto será apresentadocomo Sertões.2Fonte: ABRAHÃO, Benjamim. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45304399. Acessado em: 04 abr.2021.

171.1 Sertões literáriosA literatura contribui de modo essencialpara construção dos sertões no imagináriopopular. Com relações simbólicas epolíco-sociais que foram estabelecidas emdiversas narravas ao longo dos anos,formou-se um po de corrente literáriachamada de literatura sertanista ou sertaneja,que ressignificou o entendimento de sertãoalém da geografia, trazendo à luz o sertanejocomo o protagonista do meio e favorecendo acompreensão de uma da idendade nacionalonde ambos, sertões e sertanejo, são reflexos dolugar e do ser Brasil.O sertanismo é parte específica dachamada literatura regionalista, que abordacaracteríscas regionais da sociedade,costumes, codiano e ambiente entre outrosatributos concretos do lugar. Segundo AlbernaVicenni, muitas vezes são abordagensestereopadas, mas necessárias para que sereconheça a região descrita:A literatura regionalista trabalha sempre a umpasso da estereotipia da paisagem, da personageme da ação, da reprodução da linguagem,seguindo de perto o imaginário que se encontrapronto – matéria feita, elaborada pela realidadena sua concretude física e pela história e pelopensamento social nos seus valores. Casocontrário, não consegue se identificar comoregião, ou como sertão. (VICENTINI, 2007,p.02)Paradoxalmente, é através do textoliterário que os sertões encontram caminhospara transcender o pensamento literal ealcançar um conceito plural. É na escrita em suafunção poéca, onde o sertão deixa de serapenas regional e passa a ser um espaçoindefinido: “O sertão é sem lugar.” (ROSA,2001, p.370).O realismo e o lirismo das obrassertanistas são contrapontos simbólicos queressaltam os contrastes dos sertões, ao mesmotempo que enriquecem as narravas literárias.A combinação entre estes dois universosdisntos, mas complementares inspiram estapesquisa, que optando por abordar os sertõespelo viés da literatura, elegeu três obrassingulares de grandes autores nacionais:Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto eGuimarães Rosa, representantes ímpares domodernismo em suas diversas fases3 . Estasescolhas compõem três abordagens sobre ossertões: o real, o poéco e o existencial(metasico), que o presente projeto desejaapresentar como os sertões que compõem oimaginário popular brasileiro.3Uma análise literária foge a proposta, mas é importante ressaltar que os três autores são integrantes do movimento literáriomodernismo, sendo Graciliano Ramos representante da 2ª fase, também conhecida como modernismo de 30. GuimarãesRosa e João Cabral de Melo Neto, ambos da 3ª fase, ou geração de 45 (educação.globo.com online, 02/06/2021).

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Figura 02: Estéca do Cangaço - Registro de Benjamin Abrahão

do bando de Lampião 2

Outro po de jagunços que se reuniam em grupos

inerantes de leis próprias, foram os cangaceiros. Formado

por homens livres desejosos por “fazer jusça a seu modo”,

ora defendendo ora aterrorizando cidades, o movimento

social nordesno ocorrido entre o final do século XIX e início

do século XX, desafiava o governo. Tendo nomes

emblemácos como Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, o

cangaço apesar de ser específico do Nordeste, se

assemelhava a jagunçagem quanto a organização, prácas

de convivência, subordinação, saques, confisco, estratégia

de combate, trato ao inimigo e códigos de honra (TURCHI,

2021). Entretanto estes sequestravam e assassinavam

autoridades locais, o embate era principalmente contra o

coronelismo.

A estéca do cangaço é um legado cultural da

região. Em artefatos de couro, os trajes picos

extravagantes do grupo de Lampião, foram registrados pelo

fotógrafo Benjamin Abrahão, libanês que conquistou a

confiança do Rei do cangaço e ousou fazer um filme,

conseguindo imagens e relatos históricos de momentos

ínmos do codiano do bando. Lampião que liderou o

bando de 1922 a 1938, fazia dessa exposição uma arma para

consolidar seu presgio e inmidar adversários (INSTITUTO

MOREIRA SALLES, [201-?]).

Mediante o exposto, todas

as vertentes que ampliam caminhos

do sertão, levam a aceitar a

elucidação poéca de Guimarães

Rosa de que o sertão é do tamanho

do mundo, com tantas

possibilidades onde as certezas são

apenas os contrastes e a

pluralidade. Talvez seja a escrita da

palavra em separação silábica no

dicionário: “ser.tão”, a definição

mais próxima do que consiste: “ser”

como exisr, “tão” com tal

intensidade, logo sertão é exisr

com tal intensidade que não cabem

em um único sertão, por isso no

presente projeto será apresentado

como Sertões.

2Fonte: ABRAHÃO, Benjamim. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45304399. Acessado em: 04 abr.2021.

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