10.08.2021 Views

História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Museu Ozildo Albano como espaço de práticas educativas

estabelecimento das memórias derivam não só de experiências vividas, mas também transmitidas

pelos dispositivos de memória (monumentos, museus, festividades etc); estes, por sua vez, atribuem

um sentido ao passado, que é divulgado, por meio de instituições culturais, a um conjunto de

indivíduos e se torna base para suas relações interpessoais.

Ao partir do pressuposto de que as memórias resultam de uma construção social,

imposta por um grupo com interesses e objetivos particulares, conscientizamo-nos da

necessidade de interagir criticamente diante de tais ‘discursos’. A memória, nessa

perspectiva, deriva de um campo de conflitos ideológicos em meio a disputas de poder entre

memórias coletivas, chanceladas pelas instâncias de poder, e as memórias individuais,

atrelada ao campo de experiências dos sujeitos frente a essa ‘guerra’ de discursos que o afeta

direta ou indiretamente.

Em linhas gerais, as memórias coletivas, muitas vezes, chanceladas pelas instâncias

de poder, que as legitimam, fortalecem e disseminam, assumem o status de ‘verdade’, o que

influencia significamente as recordações dos grupos. Desse modo, as memórias individuais

sofrem a interferência da memória coletiva, de tal foma que:

Estudar as memórias coletivas fortemente constituídas, como a memória

nacional, implica preliminarmente a análise de sua função. A memória, essa

operação coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado que se

quer salvaguardar, se integra, como vimos, em tentativas mais ou menos

conscientes de definir e de reforçar sentimentos de pertencimento e fronteiras

sociais entre coletividades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos,

igrejas, aldeias, regiões, clãs, famílias, nações etc. A referência ao passado

serve para manter a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma

sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua complementariedade, mas

também as oposições irredutíveis. Manter a coesão interna e defender as

fronteiras daquilo que um grupo tem em comum, em que se inclui o território

(no caso de Estados), eis as duas funções essenciais da memória comum

(POLLAK, 1989, p. 7).

Convém ressaltar que o ‘enquadramento’ da memória coletiva ou a institucionalização

de uma memória oficial não é isenta de críticas, porquanto, na medida em que as instituições

culturais fomentam a construção de uma memória, elas também possibilitam a contestação

do ocultamento de outras memórias: as marginalizadas, “[...] uma vez que as memórias

95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!