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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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José Petrúcio de F. Junior, Ana Paula C. Castro, Igor Henrique P. de Sousa

Isso quer dizer que os ‘lugares de memória’ não petrificam ou engessam o passado a

partir de uma ótica aceita e reconhecida permanentemente por todos; ao contrário, tais

‘lugares’ asseguram apenas, pela materialidade da memória, que ela não seja esquecida,

sufocada ou negligenciada no âmbito das indagações que fazemos sobre o passado. Sob essa

ótica:

A passagem da memória para a história obrigou cada grupo a redefinir sua

identidade pela revitalização de sua própria história. O dever de memória faz

de cada um o historiador de si mesmo. O imperativo da história ultrapassou

muito, assim, o círculo dos historiadores profissionais. Não somente os

antigos marginalizados da história oficial que são obcecados pela necessidade

de recuperar seu passado enterrado. Todos os corpos constituídos, intelectuais

ou não, sábios ou não, apesar das etnias e das minorias sociais, sentem a

necessidade de ir em busca de sua própria constituição, de encontrar suas

origens (NORA, 1993, p. 17).

Em linhas gerais, Nora nos ensina que as experiências proporcionadas pela relação

com objetos residuais deixados pelo homem ao longo do tempo é sempre móvel e aberta a

tantos significados quanto sujeitos dispostos a (re)ssignificá-los. O passado é móvel

justamente para se acomodar a predileções ou inclinações do presente; em outros termos, é

necessário que o passado seja sempre objeto de atualizações para que continue a influenciar

formas de agir e pensar no presente e no futuro, por isso os ‘lugares de memória’ são

materiais, mas sobretudo simbólicos.

Isso não quer dizer que, pela materialidade das memórias, não haja esforços em

manter os interesses de grupos e classes sociais, com o objetivo de preservar e construir

identidades, pertencimentos. Diante de tal fato, as memórias individuais são influenciadas

por uma memória coletiva dominante e, muitas vezes, imposta por meio de instituições

culturais subsidiadas pelos governos. É o caso de muitos museus, datas e das festividades

nacionais que reafirmam uma memória, concebida como ‘oficial’.

Desse modo, “A memória organizadíssima, que é a memória nacional, constitui um objeto

de disputa importante, e são comuns os conflitos para determinar que datas e que acontecimentos

vão ser gravados na memória de um povo” (POLLAK, 1989, p. 04). Isso se deve ao fato de que o

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