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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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O Museu Ozildo Albano como espaço de práticas educativas

simbólica. Isso implica dizer que, nas ações educativas, o patrimônio cultural

não pode ser tratado como pré-concebido, em que seu valor é dado a priori,

cabendo ao indivíduo aceitar essa valoração e reconhecê-lo como parte de sua

herança cultural. Além disso, nas práticas educativas que se pretendem

dialógicas e democráticas, o patrimônio cultural concebido como um elemento

social implica reconhecer o jogo de forças existentes no seu processo seletivo

e até mesmo de sua apropriação, em que estão imbricados os conflitos e as

divergências na permanente luta entre a memória e o esquecimento

(TOLENTINO, 2012, p. 47).

Fica claro que cada memória historicamente construída é resultado também de

silenciamentos. Tal jogo (memória/esquecimento), produto de seleções sobre que

lembranças do passado perpetuar (ou não), demonstra a relação assimétrica sobre o poder

de escolha acerca do que preservar, como sugere Pierre Nora:

A curiosidade pelos lugares onde a memória se cristaliza e se refugia está

ligada a este momento particular da nossa história. Momento de articulação

onde a consciência da ruptura com o passado se confunde com o sentimento

de uma memória esfacelada, mas onde o esfacelamento deserta ainda

memória suficiente para que se possa colocar o problema de sua encarnação.

O sentimento de continuidade torna-se residual aos locais. Há locais de

memória porque não há mais meios de memórias (NORA, 1993, p. 9).

Os lugares de memória surgem, portanto, a partir da necessidade de torná-la concreta,

de fazer com que saia do sensível/efêmero e consiga se enraizar em algo que lhe assegure

uma estabilidade e duração, a memória se torna viva nas manifestações, mas se fortalece nos

lugares que a constitui como memória. “Os lugares de memória nascem e vivem do

sentimento de que não há memórias espontâneas, que é preciso criar arquivos, que é preciso

manter aniversários, organizar celebrações [...], porque essas operações não são naturais”

(NORA, 1993, p. 13).

Esses lugares de memória preservam a materialidade do passado que se tornam-se

visíveis a diferentes públicos e em diferentes momentos históricos. Isso não significa que elas

preservem os significados pretendidos pelos grupos que as construíram no passado,

porquanto tais memórias são atualizadas ou ressignificadas pelo público constantemente,

que busca um passado que o interesse.

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