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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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José Petrúcio de F. Junior, Ana Paula C. Castro, Igor Henrique P. de Sousa

salvaguardar, se integra como vimos, em tentativas mais ou menos

conscientes de definir e de reforçar sentimentos de pertencimento e fronteiras

sociais entre coletividades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos,

igrejas, aldeias, regiões, clãs, famílias, nações etc. A referência ao passado

serve para manter a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma

sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua complementariedade, mas

também as oposições irredutíveis (POLLACK, 1989, p. 07).

Quando nos referimos a museus e patrimônio, essa discussão é fundamental para

refletirmos sobre como a cultura material, produzida por diferentes grupos, e suas dissensões

político-culturais duelam ou dialogam nas exposições museológicas. Trata-se de uma

operação marcada por disputas e relações de poder que resulta na construção de memórias,

sempre polifônicas e dissonantes, a considerar os grupos que as produzem.

Isso implica dizer que a questão patrimonial é um campo de conflitos, no qual as

práticas educativas devem considerar a sua dimensão política e as redes de poder, em que

os esquecimentos são concebidos como produtos sociais estabelecidos por interesses e jogos

de disputas:

O campo do patrimônio, como sabemos, é um campo de conflitos e de

construção social e, ao adentrar nele, não se pode ser ingênuo. Por isso, a

educação patrimonial, para que possa ser efetiva, implica ir além do conhecer

para preservar; é necessário que se propicie a reflexão crítica. E, a partir dessa

reflexão, buscar a transformação da realidade (TOLENTINO, 2012, p. 46).

Desenvolver a educação patrimonial no museu é, antes de tudo, conceber a

organização dessas instituições culturais como espaços seletivos da memória, logo

recomenda-se que o professor não atue de forma passiva em relação a este patrimônio, como

algo “fetichizado”, como se reproduzisse um passado pronto e acado. É necessário

compreender o passado fabricado pelos museus de maneira crítica, não como uma ‘verdade

abosluta’. Logo, o educador patrimonial deve criar possibilidades para que o aluno perceba

que determinado patrimônio é resultado de diferentes produtos sociais:

O patrimônio cultural, concebido como um elemento social inserido nos

espaços de vida dos sujeitos, que dele se apropriam, deve ser tratado, nas

práticas educativas, levando em conta a sua dimensão social, política e

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