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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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O Museu Ozildo Albano como espaço de práticas educativas

Esse exercício de reflexão possibilita aos discentes considerar não só o ‘dito’, ou seja, a

forma como os discursos nos são apresentados – sua materialidade, mas principalmente o ‘nãodito’,

isto é, as informações que intencionalmente foram silenciadas a fim de que o passado

construído satisfizesse aos interesses de grupos ou instituições responsáveis por fabricá-los.

Logo, a construção de um espaço de memória é resultado de um jogo de

disputas e seleções, que tende a veicular e tornar hegemônica uma memória

em dentrimento de outras. [...] Ao lidarmos com a memória como campo de

disputas e instrumento de poder, ao explorarmos modos como memória e

história se cruzam e interagem nas problemáticas sociais sobre as quais nos

debruçamos, vamos observando como memórias se instituem e circulam,

como são apropriadas se transformam na experiência social vivida. No

exercício da investigação histórica por meio do diálogo com pessoas,

observamos, de maneira especial, modos como lidam com o passado e como

este continua a interpelar o presente enquanto valores e referências. Trabalhar

nessa direção nos coloca diante da problemática do sujeito e da consciência

social na história, levando-nos a retomar e ampliar leituras e a aprofundar as

pesquisas e reflexões, sempre dentro da perspectiva de construir um

conhecimento histórico que incorpore toda a experiência humana e no qual

todos possam se reconhecer como sujeitos sociais (KHOURY, 2004, p. 118).

Deduz-se que, em geral, os grupos que ocupam diferentes espaços de poder são os

responsáveis pelo ‘ocultamento’ de narrativas sobre o passado que não os favoreçam.

Mostrar aos alunos a dinâmica desses jogos de poder compreende demonstrar a eles que

devemos ir além da superficialidade dos discursos tal como nos são apresentados e os

museus, como espaços educacionais, podem cumprir esse papel, desde que os professores

estejam aptos à construção de situações de aprendizagem sob essa perspectiva, por isso

ressaltamos a importância da cooperação entre museus e escolas para elaboração de planos

de ensino que envolvam a visitação aos museus.

Diante disso, não é aconselhável, no âmbito do ensino de História, construir projetos

educacionais, centrado em museus e na produção de memórias, sem contemplar as relações

de poder que permeiam as narrativas sobre o passado. Afinal,

Estudar as memórias fortemente constituídas, como a memória nacional,

implica preliminarmente a análise de sua função. A memória, essa operação

coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado que se quer

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