História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias
Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.
José Petrúcio de F. Junior, Ana Paula C. Castro, Igor Henrique P. de SousaDesse modo, a partir do momento em que entramos em museus,mergulhamos em um ambiente que nos possibilita um encontro com nósmesmos, tendo em vista a alteridade das experiências humanas no tempo,visto que “A partir da seleção mental, ordenamento, registro, interpretação esíntese cognitiva na apresentação visual, ganha-se notável impactopedagógico” (MENESES, 1994, p.10).Esse fenômeno ocorre de maneira única em cada grupo ou pessoa que visita o espaçomuseológico e depende do campo de experiências desses sujeitos, seja ele de cunhocientífico, cultural ou até mesmo da memória afetiva que estabelece com os objetosmusealizados. É nessa perspectiva que esses espaços culturais contribuem para a culturahistórica do público-alvo e produz significativos impactos na formação de uma consciênciahistórica. Tal perspectiva vai de encontro ao antigo ditado popular que dizia que “museu élugar de coisa velha”, ou seja, um lugar de emulação do passado.Nesse sentido, faz-se necessário perceber que cada museu exerce um papel essencialna sociedade na qual está inserido, seja para perturar ou questionar formas de agir e pensar.É inegável a importância positiva de tais instituições, pois possibilitam a preservação de umamemória coletiva, aceita, reconhecida e valorizada por determinados grupos sociais, quealmejam reafirmar tradições e práticas culturais locais, as quais geram, no público, umsentimento de pertencimento.Em outras palavras, deve-se considerar que, ao construir as exposições, há umaseleção dos objetos que passarão a contar o passado a partir de uma ótica, muitas vezes,favorável aos idealizadores da exposição, isto é, os objetos musealizados podem evidenciara memória de determinado grupo, em detrimento de outro, na medida em que selecionaaquilo que deve resguardar e preservar, o que torna tais instituições espaços de disputas depoder sobre as narrativas do passado.Com o Museu Ozildo Albano não é diferente, percebe-se a construção de um acervo queambiciona consolidar uma historiografia tradicional local que visa perpetuar a história oficialdo município. Muitas das peças que se fazem presentes, nos espaços expositivos, narram as86
O Museu Ozildo Albano como espaço de práticas educativashistórias das memórias das famílias tradicionais da cidade, que, na tentativa de preservar traçosde seu passado, doaram peças de sua propriedade para compor o acervo do museu.Logo, reiteramos que a construção de espaços culturais, como o Museu Ozildo Albano,produz sempre uma narrativa intencional tanto sobre a história da cidade de Picos, numaperspectiva micropolítica, quanto sobre a história do Piauí, numa perspectiva espacial maior.Isso é perceptível no próprio nome do museu que consiste em uma homenagem ao seufundador, sujeito influente na sociedade picoense.Nessa perspectiva, entende-se que a exposição museológica não pode ser interpretadapor aquele que o vê, como uma simples ilustração do passado tal como ocorreu, como seproduzisse uma ‘verdade’ pronta e acabada da ‘vida’ como fora, mas sim como umapossibilidade de leitura ou uma versão sobre o passado. Os artefatos selecionados eorganizados nas quatro salas do museu contam uma história a partir de pontos de vistaparticulares. Cabe ao público indagar sobre as intencionalidades e objetivos subjacentes àexposição, tendo em vista os silêncios da narrativa museal.Sob esse ponto de vista, pensar os museus como espaço pedagógico para a ensino dehistória é saber relacionar os saberes dos alunos, produzidos por suas vivências, com o saberhistórico-científico. Como afirma Paulo Freire (1997), é preciso que o professor e a escola sedeem conta da importância do conhecimento prévio dos alunos, adquiridos pelasexperiências do cotidiano:Por isso mesmo, pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, àescola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos,sobretudo das classes mais populares, chegam a ela – saberes socialmenteconstruídos na prática comunitária- mas também, como há mais de trinta anosvenho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns dessessaberes em relação com o ensino dos conteúdos (FREIRE, 1997, p. 15).Dessa forma, a visita aos museus converte-se em uma excelente oportunidade paraindagar, junto aos alunos, os limites e possibilidades de construção de conhecimentoshistóricos bem como os sentidos atribuídos ao passado a partir de interesses e necessidadesdo presente.87
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José Petrúcio de F. Junior, Ana Paula C. Castro, Igor Henrique P. de Sousa
Desse modo, a partir do momento em que entramos em museus,
mergulhamos em um ambiente que nos possibilita um encontro com nós
mesmos, tendo em vista a alteridade das experiências humanas no tempo,
visto que “A partir da seleção mental, ordenamento, registro, interpretação e
síntese cognitiva na apresentação visual, ganha-se notável impacto
pedagógico” (MENESES, 1994, p.10).
Esse fenômeno ocorre de maneira única em cada grupo ou pessoa que visita o espaço
museológico e depende do campo de experiências desses sujeitos, seja ele de cunho
científico, cultural ou até mesmo da memória afetiva que estabelece com os objetos
musealizados. É nessa perspectiva que esses espaços culturais contribuem para a cultura
histórica do público-alvo e produz significativos impactos na formação de uma consciência
histórica. Tal perspectiva vai de encontro ao antigo ditado popular que dizia que “museu é
lugar de coisa velha”, ou seja, um lugar de emulação do passado.
Nesse sentido, faz-se necessário perceber que cada museu exerce um papel essencial
na sociedade na qual está inserido, seja para perturar ou questionar formas de agir e pensar.
É inegável a importância positiva de tais instituições, pois possibilitam a preservação de uma
memória coletiva, aceita, reconhecida e valorizada por determinados grupos sociais, que
almejam reafirmar tradições e práticas culturais locais, as quais geram, no público, um
sentimento de pertencimento.
Em outras palavras, deve-se considerar que, ao construir as exposições, há uma
seleção dos objetos que passarão a contar o passado a partir de uma ótica, muitas vezes,
favorável aos idealizadores da exposição, isto é, os objetos musealizados podem evidenciar
a memória de determinado grupo, em detrimento de outro, na medida em que seleciona
aquilo que deve resguardar e preservar, o que torna tais instituições espaços de disputas de
poder sobre as narrativas do passado.
Com o Museu Ozildo Albano não é diferente, percebe-se a construção de um acervo que
ambiciona consolidar uma historiografia tradicional local que visa perpetuar a história oficial
do município. Muitas das peças que se fazem presentes, nos espaços expositivos, narram as
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