História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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10.08.2021 Views

José Petrúcio de F. Junior, Ana Paula C. Castro, Igor Henrique P. de SousaEssas situações-problema servem para que a visita ao museu fuja do tradicionalismo ede um ato mecânico, em que os alunos estão mais preocupados em preencher relatórios, lerlegendas, coletar informações e dados do que dialogar com a cultura material, o que segundoRamos (2004, p. 05) é uma tarefa baseada “no reflexo e não na reflexão”, em que não há odesenvolvimento do pensamento crítico dos alunos, o “museu é transformado em fornecedorde dado” (RAMOS, 2004, p. 05).Portanto, uma das perguntas principais para utilizarmos os museus como recursodidático é: como fazer com que os objetos expostos no acervo possam ser entendidos comofontes ou documentos históricos? Para isso, trouxemos como exemplo: a imagem dapalmatória exposta no Museu Ozildo Albano, na 12ª. Primavera dos Museus, que possuíacomo tema “O Museu Ozildo Albano como espaçado de práticas educativas”.Exposição da ‘palmatória’ na 12ª. Primavera dos MuseusFonte: Acervo do Museu Ozildo Albano84

O Museu Ozildo Albano como espaço de práticas educativasA exposição de tal artefato objetivava não fazer apologia à volta desse instrumentopara a sala de aula; ao contrário, tinha a função de salientar que esse tipo de prática punitivano espaço educacional não é mais aceito, ainda que possam existir reminiscências deste tipode violência escolar em nosso cotidiano, não com os mesmos recursos punitivos, como apalmatória, mas com outros, de natureza simbólica, por exemplo. Com isso, pode-se perceberque a palmatória perde o seu valor primário - um instrumento punitivo, para um significadosimbólico voltado à discussão da violência escolar e seus efeitos para as relaçõesinterpessoais.Nesta imagem, da direita para a esquerda, vemos a palmatória. Nessa exposição, cujopúblico constituiu-se predominantemente por estudantes do ensino básico das escolas dePicos, houve certo espanto em saber que esse material servia para punir os alunos em salade aula. A guia do Museu preocupou-se em demonstrar aos visitantes, que a exposição desseobjeto oportunizava refletir sobre as ações humanas e suas implicações à formação dascrianças.Partimos do pressuposto de que os museus devem expor e tratar de temas que nosincomodam, como a violência escolar, práticada em outras temporalidades, já quedefendemos que não é adequado nem suprimi-los, nem apenas dar visibilidade a taisartefatos que compuseram cenas de tortura, mas integrá-los a nossas experiências cotidianasa fim de problematizá-los.Afinal, o que pretendia a sociedade que os criou e quais os impactos que produziram?É mister que integremos esse ‘passado’ em nossa própria identidade histórica, uma vez que,ao omitir ou silenciar determinadas experiências humanas, corremos o risco de reproduzi-laou naturalizá-la.Mais do que olhar para a cultura material como ‘gatilho’ por meio do qual construímoso passado a partir de nossas demandas no presente, temos a oportunidade de modificá-lo aointegrar suas práticas sociais (nocivas ou não) ao ‘mundo’ em que vivemos, tornando opassado útil à compreensão de quem somos e o que fazemos com as representações sobrequem somos.85

José Petrúcio de F. Junior, Ana Paula C. Castro, Igor Henrique P. de Sousa

Essas situações-problema servem para que a visita ao museu fuja do tradicionalismo e

de um ato mecânico, em que os alunos estão mais preocupados em preencher relatórios, ler

legendas, coletar informações e dados do que dialogar com a cultura material, o que segundo

Ramos (2004, p. 05) é uma tarefa baseada “no reflexo e não na reflexão”, em que não há o

desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos, o “museu é transformado em fornecedor

de dado” (RAMOS, 2004, p. 05).

Portanto, uma das perguntas principais para utilizarmos os museus como recurso

didático é: como fazer com que os objetos expostos no acervo possam ser entendidos como

fontes ou documentos históricos? Para isso, trouxemos como exemplo: a imagem da

palmatória exposta no Museu Ozildo Albano, na 12ª. Primavera dos Museus, que possuía

como tema “O Museu Ozildo Albano como espaçado de práticas educativas”.

Exposição da ‘palmatória’ na 12ª. Primavera dos Museus

Fonte: Acervo do Museu Ozildo Albano

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