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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Objetos, corpos e espaços patrimoniais no ensino da História da América Colonial

de origem africana, encontram-se muitos elementos semelhantes aos que definem a condição

do índio como colonizado, apenas que frequentemente são acentuados pelo regime

escravista; daí, por exemplo, a “marca do plural”, a não discriminação quanto às suas origens

e filiações étnicas, a negação da sua individualidade, a inclusão numa mesma categoria

(pretos / negros). Portanto, "Negro" e "índio" são, em suma, as duas categorias que designam

os colonizados na América. (BONFIL BATALLA, 1977, p. 6).

O jogo passado e presente também complexifica a própria função da narrativa

histórica e pedagógica a quem ela esteve tradicionalmente comprometida. Pensar que essas

categorias não são meramente identitárias ou fruto de uma história militante, argumento

utilizado para desqualificar e geralmente associar essas pautas às paixões interpretativas e à

irracionalidade. A história tradicional também é identitária, uma vez que ficou durante muito

tempo estudando o "homem branco" ou aspectos interpretativos que o representam. Em se

tratando de espaços fisicamente marcados pela expansão colonial, é preciso pensar que

descolonização política dos museus, das coisas e lugares não significa descolonização de

mentalidades. O passado colonial é central na formação das identidades da América colonial

e responsável por formação de marcadores sociais de diferença ainda traumáticos para as

sociedades. “Negros” e “índios”, por exemplo, não foram incluídos no processo de formação

democrática mais recente. São grupos ainda vistos como estrangeiros na sua própria terra.

As identidades ainda precisam ser politizadas, e o museu, espaço onde a corporeidade

perpassa pela materialidade dos objetos, tem papel fundamental neste processo.

Os Museu brasileiros pouco dão destaque aos vestígios materiais do passado colonial.

Nesse sentido, essa cultura material e a organização museológica se constrói mais no sentido

da ausência do que da presença. No entanto, se destacam os acervos do Museu do Oratório

e Museu da Inconfidência em Ouro Preto, Minas Gerais. O Museu Paulista da Universidade

de São Paulo. E o Museu da Misericórdia, no centro histórico de Salvador. Estas instituições

dispõem de acervos museológicos da cultura material do passado colonial. As representações

destes museus vão desde a religiosidade, passando por peças de mobiliário doméstico, além

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