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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Alexandre Rodrigues de Souza, Jacqueline Sarmiento

entre uma população primitiva e homogênea e colonizadores europeus do início do

renascimento. Ou seja, entre pessoas portadoras de culturas localizadas em etapas muito

distantes da história da humanidade. Um encontro, portanto, altamente improvável e ilógico,

no qual o estudioso vem a adotar (sem disso ter qualquer consciência) uma perspectiva

unilateral e etnocêntrica, como herdeiro (natural e feliz) de uma das partes. Está instaurado o

cenário ideal para um exercício lúdico de produção de sentido, que se respalda no senso

comum e nas suas reelaborações eruditas (OLIVEIRA, 2015, p. 167).

Como pensamos e representamos os índios no Brasil hoje em dia? De que forma os

encontramos no espaço? E, antes disso, havia “índios” no Brasil? A que faz referência a

categoria “negro”? É possível resumir os povos da África neste termo? Vamos pensar de que

forma a escravidão está presente em nossa maneira de falar cotidianamente? Como os

objetos e espaços incorporam a linguagem da escravidão?

Questionar as categorias permite uma abertura a reflexão crítica sobre os estereótipos.

Implica também contextos particulares: não se pode pensar as identidades isoladamente, se

não como construções, historicamente situadas. Pensar as categorias identitárias é uma

entrada desde os sujeitos, a partir de considerá-los componentes de uma sociedade.

A história da América é marcada pela irrupção de três séculos (a colônia) que se

meteram em um desenvolvimento extremamente diverso que já tinha várias dezenas de

milhares de anos. De modo algum podemos dizer que nossa história começa em 1492 ou

1501, mas esses anos marcam o início de uma forma radical de alteridade que se coloca como

denominador comum na história de uma enorme diversidade de povos. A categoria "índio"

se consolida como marca da alteridade americana, posteriormente os “negros” escravizados

são inseridos neste processo.

Guillermo Bonfil Batalla ressalta que a “categoria de índio, com efeito, é uma categoria

supra étnica que não denota nenhum conteúdo específico dos grupos que abarca, mas sim

uma relação particular entre eles e outros setores do sistema social global de que fazem parte

os índios”. Nesse sentido, “denota condição de colonizado e faz uma referência necessária à

relação colonial” (BONFIL BATALLA, 1977, p. 4). Por outro lado, no tratamento da população

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