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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Objetos, corpos e espaços patrimoniais no ensino da História da América Colonial

No caso do Brasil, uma categoria que é preciso problematizar no ensino da história é

a “raça”. Ela se refere, de forma muito geral, a três grupos diferenciados: índios, negros e

europeus. Em geral, numa narrativa que descreve o domínio do território por parte dos

europeus em contexto de expansão colonial, e quase sempre reduzindo os negros ao trabalho

e no esforço da evangelização dos nativos. Esta narrativa tem sua fundação numa história

eurocentrada.

A função do professor de história é problematizar essas categorias identitárias. Mafalda

Soares da Cunha, ao abordar sobre a caracterização dessa “Europa que atravessa o Atlântico”

ressalta que: “Por Europa, presumem-se os europeus, ou seja, os naturais do continente

europeu”. Contudo, [...] “subentendem-se também os modelos culturais que com eles se

transladaram. E, logo aqui, emerge um feixe intrincado de questões e problemas estreitamente

correlacionados com a própria natureza dos conceitos de naturalidade e identidade vigentes no

quadro político do século XVI”. Segundo a autora, retomar termos colocados em [...] “filiações

nacionais inteligíveis nos últimos dois séculos pode simplificar de forma errônea as dinâmicas

políticas e sociais daquelas épocas, subsumindo teleologicamente a diversidade em categorias

identitárias enganadoras” (CUNHA, 2014, p. 272). A autora mostra que, naquele contexto,

dentro das monarquias ou até mesmo dos reinos, ducados, províncias, ducados, condados, as

dinâmicas políticas e sociais não eram homogêneas.

A chamada “história americana colonial” é uma história próxima, que se relaciona

com a construção de nossa identidade. E em diálogo com este passado que se desenvolve as

conceituações de nossa identidade nacional. Embora, a proximidade não facilita a visão, e

retorno, pelo contrário mais difusa, pela naturalização de certos estereótipos. Longe de

colocá-los de lado, trabalhar com estereótipos tem sido em nossa experiência uma estratégia

pedagógica. É de fundamental importância que o ensino de História trabalhe desde o presente

com o questionamento dos estereótipos naturalizados, analisando as categorias em jogo e

carregando-as de conteúdos históricos.

Segundo João Pacheco de Oliveira, até pouco tempo os estudos sobre as relações

entre europeus e populações indígenas da América portuguesa se resumiam a um embate

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