História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Alexandre Rodrigues de Souza, Jacqueline SarmientoPara refletir sobre a materialidade é preciso considerar os espaços e não só dos objetos(cultura material). Como tipo particular de espaço, o museu merece uma abordagem especial.Ao ingressar a ele as relações espaciais e de objetificação mudam. A disposição dos objetosdo acervo museológico está comprometida a construir discursos (ALMEIDA; VASCONCELOS,1997, p. 105). Trata- se de um ordenamento discursivo que ao transitá-lo, o experimentamose interpretamos.Así pues, el museo se configura hoy como contexto real, no como meroescenario o entorno que no condiciona lo que sucede en su interior, sino que,como contexto influye y determina los nuevos procesos identitarios queconcurren entre sus muros: el museo ofrece oportunidades tanto paraconfirmar nuestra identidad actual como para explorar, de manera segura,otras identidades. (GÓMEZ-REDONDO, 2017, p. 10).A visita ao museu ativa os processos de identificação, fazendo da alteridade umconceito central. Assim, tendo em consideração os objetos e o museu como espaço é possívelfazer algumas perguntas que estabeleçam vínculos com a história colonial: O objeto trazalguma memória? Que tipo de memória? Qual a cor e textura do objeto que observa? Quetipo de cultura este objeto representa? Qual a identidade visual do objeto?Quanto aos sujeitos: o que o objeto pode nos dizer das pessoas (seu dono, criador,vendedor, etc)? Como as pessoas se relacionam através dele? De que formas interagiam comele? Ele tinha relevância para diferenciar pessoas (hierarquicamente, status, ofícios, etc.)?Olhando finalmente para as corporalidades: como pensar as relações corporais comobjetos ou espaços? Se estamos observando um objeto, ele é pesado, leve; é para ser levadoacima ou para ficar? Em quais espaços podem estar, ou não? Como ele diferencia mulherese homens? Podemos pensar também diferentes interações e usos do espaço entre homens emulheres desde a corporalidade?706

Objetos, corpos e espaços patrimoniais no ensino da História da América ColonialA corporeidade no ensino de História da América colonialAnalisar as categorias e os sujeitos é uma aproximação possível para orientar asleituras sobre a história americana, olhando para a formação de estudantes (SARMIENTO,2017). Trata- se de uma estratégia docente que implica perguntar, para cada situação, quemsão os sujeitos envolvidos, de que forma eles são nomeados e qual é o contexto em que essarelação ganha sentido. Além disso, promove o desenvolvimento da leitura crítica,diferenciando categorias históricas (utilizadas nos documentos da época) e categoriasanalíticas (próprias dos pesquisadores). Essas perspectivas são chamadas na antropologiacomo etic, quando se trata das categorias do pesquisador, e emic, quando procuramos utilizaras categorias próprias dos atores. Essa diferenciação serve para gerar um exercício dereflexividade. Nas palavras do Javier Fernández Sebastián,distanciarse de uno mismo y distanciar al lector de sus propiaspreconcepciones es una condición necesaria para formar una visión delpasado más refinada, que tome en serio su alteridad; una visión que en lugarde confirmar los prejuicios del tiempo en el que vive, fortalezca su concienciade historicidad (FERNÁNDEZ SEBASTIÁN, 2015, p. 41).A história da América colonial tem a particularidade de ter originado uma diversidadede categorias para nomear os grupos humanos, que são produto dos processos de conquistae colonização. Nomear foi uma forma de criar o outro, defini-lo e, ao mesmo tempo, definir aeles mesmos. Ao perguntar pelos sujeitos, é importante pensar quem coloca o nome, comquais intenções e em qual contexto. As categorias identitárias emergem no contexto de umarelação e tem seus conteúdos particulares a partir dela.Desde a antropologia, dedicada ao estudo do outro cultural, o conceito de alteridadetem sido de utilidade para a abordagem das categorias identitárias. Ela se refere ao tipoparticular de diferença que distingue grupos humanos, como identidades coletivas, que sãoresultado de processos históricos. A destacar a importância da alteridade neste processo,Esteban Krotz afirma que:707

Alexandre Rodrigues de Souza, Jacqueline Sarmiento

Para refletir sobre a materialidade é preciso considerar os espaços e não só dos objetos

(cultura material). Como tipo particular de espaço, o museu merece uma abordagem especial.

Ao ingressar a ele as relações espaciais e de objetificação mudam. A disposição dos objetos

do acervo museológico está comprometida a construir discursos (ALMEIDA; VASCONCELOS,

1997, p. 105). Trata- se de um ordenamento discursivo que ao transitá-lo, o experimentamos

e interpretamos.

Así pues, el museo se configura hoy como contexto real, no como mero

escenario o entorno que no condiciona lo que sucede en su interior, sino que,

como contexto influye y determina los nuevos procesos identitarios que

concurren entre sus muros: el museo ofrece oportunidades tanto para

confirmar nuestra identidad actual como para explorar, de manera segura,

otras identidades. (GÓMEZ-REDONDO, 2017, p. 10).

A visita ao museu ativa os processos de identificação, fazendo da alteridade um

conceito central. Assim, tendo em consideração os objetos e o museu como espaço é possível

fazer algumas perguntas que estabeleçam vínculos com a história colonial: O objeto traz

alguma memória? Que tipo de memória? Qual a cor e textura do objeto que observa? Que

tipo de cultura este objeto representa? Qual a identidade visual do objeto?

Quanto aos sujeitos: o que o objeto pode nos dizer das pessoas (seu dono, criador,

vendedor, etc)? Como as pessoas se relacionam através dele? De que formas interagiam com

ele? Ele tinha relevância para diferenciar pessoas (hierarquicamente, status, ofícios, etc.)?

Olhando finalmente para as corporalidades: como pensar as relações corporais com

objetos ou espaços? Se estamos observando um objeto, ele é pesado, leve; é para ser levado

acima ou para ficar? Em quais espaços podem estar, ou não? Como ele diferencia mulheres

e homens? Podemos pensar também diferentes interações e usos do espaço entre homens e

mulheres desde a corporalidade?

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