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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Objetos, corpos e espaços patrimoniais no ensino da História da América Colonial

e sentidos. Os objetos museológicos precisam ser questionados com objetivo de ampliar o

“sentido crítico sobre o mundo que nos rodeia”. O autor lembra também que ao tornar-se peça

do museu, os objetos entram em uma “reconfiguração de sentidos” (RAMOS, 2004, p. 21-29).

É preciso notar que o eixo de estar rodeados de objetos e interagir continuamente com

eles, não significa que compreendamos a linguagem dos objetos. Nas palavras de Lopes

Ramos, “se aprendemos a ler palavras, é preciso exercitar o ato de ler objetos, de observar a

história que há na materialidade das coisas”. Com esse objetivo, e seguindo a linha do Paulo

Freire para a alfabetização, o autor propõe a ideia de trabalharmos com o “objeto gerador”

para proporcionar “reflexões sobre as tramas entre sujeito e objeto: perceber a vida dos

objetos, entender e sentir que os objetos expressam traços culturais, que os objetos são

criadores e criaturas do ser humano”. Contudo, este trabalho deve partir do próprio cotidiano,

“pois assim se estabelece o diálogo, o conhecimento do novo na experiência vivida: conversa

entre o que se sabe e o que se vai saber – leitura dos objetos como ato de procurar novas

leituras” (RAMOS, 2004, p. 32).

Mais, as relações com os objetos vão muito além. As coisas e a suas materialidades

fazem parte do processo que nos torna o que somos. Daniel Miller aponta que a conclusão

surpreendente é que os objetos são importantes não porque sejam evidentes e fisicamente

restrinjam ou habilitem, mas justo o contrário. Muitas vezes, é precisamente porque nós não

os vemos. Quanto menos tivermos consciência deles, mais conseguem determinar nossas

expectativas, estabelecendo o cenário e assegurando o comportamento apropriado, sem se

submeter a questionamentos. Eles determinam o que ocorre à medida que estamos

inconscientes da capacidade que têm de fazê-lo (MILLER, 2010, pp. 78- 79).

Fazemos os objetos que nos fazem. Ao final, não há separação entre sujeitos e objetos,

diz Miller. Mas, a chave disso é o processo de objetivação, pensar os objetos fora de nós até

esquecê-los. Perceber a materialidade das coisas, situá-las só na superfície, como signos,

constitui só uma parte do problema. Como consequência, rapidamente esquecemos nossa

própria materialidade.

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