História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Marcelo de Sousa Neto, Pedro Pio Fontineles Filhofunção importante no processo de (re) leitura e (re) construção do passado, pois está imersono âmbito lacunar e processual da história e das memórias.Considerações FinaisResta-nos, então, ampliar a discussão e pensarmos os meios necessários e suficientespara tornar os arquivos um espaço partilhado, que consiga atender às novas demandas quese colocam, tornando o Estado inteligível ao cidadão, aquele que é alvo das decisões desteEstado e com ele deve colaborar e interferir em suas decisões.Um caminho que tem contribuído para a ampliação desse vínculo entre sociedade eEstado é a consolidação de pesquisas de cunho histórico em níveis de graduação e pósgraduaçõesem todo o país, e mais especificamente no Piauí, o que, além de gerar novasdemandas por espaços de pesquisa mais acessíveis e portadores dos acervos específicos,fortalece o interesse da própria sociedade em buscar a conservação desses acervos comomecanismo de preservar a sua história e sua memória, em mais uma franca expressão daressonância da atuação historiográfica. E se os historiadores são, como enuncia Paul Ricoeur(2010), “guardiões do passado”, nada mais natural que também sejamos guardiões dosespaços responsáveis por guardar, não o passado, mas fragmentos desse passado. Esse é,portanto, um de nossos desafios prementes, onde devemos nos apropriar dos arquivospúblicos para torná-los objeto central de discussão numa clara parceria entre arquivos esociedade de forma a permitir que este seja um espaço não apenas de coleta de fonteshistóricas, mas que se transforme em lócus privilegiado do próprio fazer historiográfico.As pesquisas educacionais, em todos os seus sentidos e em todas as áreas do saberconhecimento,devem levar em consideração, assim como na historiografia, a premissa deque as verdades são histórica, social e culturalmente construídas. Dessa maneira, os arquivosse apresentam como fontes inesgotáveis assim quanto forem inesgotáveis osquestionamentos lançados aos documentos e registros que nele se encontram. É isso queimpulsiona novas pesquisas e a contínua reescrita do passado. E a incursão pelos arquivos610

Nos vestígios e registros do saber: arquivos, patrimônio e pesquisas educacionaispúblicos, em especial, permite o contato mais acurado com as fontes que lá “habitam”,esperando avidamente por visitas. O trato com tais fontes amplia os horizontes, para que aspesquisas educacionais não se restrinjam à história das ideias pedagógicas.ReferênciasBLOCH, Marc. Uma Introdução à história. São Paulo: Brasiliense, 1981.BRASIL. [Constituição (1988)], Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:Senado Federal, 1988.BRASIL. Decreto n. 2134, de 24 de janeiro de 1997. Regulamenta o art. 23 da Lei nº 8.159, de8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a categoria dos documentos públicos sigilosos e oacesso a eles, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.Brasília, 27 de janeiro de 1997. Seção I.BRASIL. Lei n. 8159, de 9 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivospúblicos e privados e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.Brasília, v. 29, n. 6, p. 455, jan. 1991. Seção I.CHARLOT, Bernard. A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e práticas:especificidades e desafios de uma área de saber. Revista Brasileira de Educação, Rio deJaneiro, v.11, n. 31, p. 7‐18, 2006.CÔRTES, Maria Regina Persechini Armond. Arquivo Público e Informação: acesso àinformação nos arquivos públicos estaduais do Brasil. 1996. Dissertação (Mestrado emCiência da Informação) – Escola de Biblioteconomia, Universidade Federal de Minas Gerais,1996.DEMO, P. Educar pela pesquisa. 6. ed. Campinas: Autores Associados, 2003.DERRIDA, J. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.DOSSE, F. A história. Bauru: EDUSC, 2003.611

Marcelo de Sousa Neto, Pedro Pio Fontineles Filho

função importante no processo de (re) leitura e (re) construção do passado, pois está imerso

no âmbito lacunar e processual da história e das memórias.

Considerações Finais

Resta-nos, então, ampliar a discussão e pensarmos os meios necessários e suficientes

para tornar os arquivos um espaço partilhado, que consiga atender às novas demandas que

se colocam, tornando o Estado inteligível ao cidadão, aquele que é alvo das decisões deste

Estado e com ele deve colaborar e interferir em suas decisões.

Um caminho que tem contribuído para a ampliação desse vínculo entre sociedade e

Estado é a consolidação de pesquisas de cunho histórico em níveis de graduação e pósgraduações

em todo o país, e mais especificamente no Piauí, o que, além de gerar novas

demandas por espaços de pesquisa mais acessíveis e portadores dos acervos específicos,

fortalece o interesse da própria sociedade em buscar a conservação desses acervos como

mecanismo de preservar a sua história e sua memória, em mais uma franca expressão da

ressonância da atuação historiográfica. E se os historiadores são, como enuncia Paul Ricoeur

(2010), “guardiões do passado”, nada mais natural que também sejamos guardiões dos

espaços responsáveis por guardar, não o passado, mas fragmentos desse passado. Esse é,

portanto, um de nossos desafios prementes, onde devemos nos apropriar dos arquivos

públicos para torná-los objeto central de discussão numa clara parceria entre arquivos e

sociedade de forma a permitir que este seja um espaço não apenas de coleta de fontes

históricas, mas que se transforme em lócus privilegiado do próprio fazer historiográfico.

As pesquisas educacionais, em todos os seus sentidos e em todas as áreas do saberconhecimento,

devem levar em consideração, assim como na historiografia, a premissa de

que as verdades são histórica, social e culturalmente construídas. Dessa maneira, os arquivos

se apresentam como fontes inesgotáveis assim quanto forem inesgotáveis os

questionamentos lançados aos documentos e registros que nele se encontram. É isso que

impulsiona novas pesquisas e a contínua reescrita do passado. E a incursão pelos arquivos

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