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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Monica Piccolo, Priscilla Piccolo

que a memória só se explica pelo presente, isto significa também afirmar que é deste presente

que ela recebe incentivos para se consagrar enquanto um conjunto de lembranças de

determinado grupo. São, assim, os apelos do presente que explicam por que a memória retira

do passado apenas alguns dos elementos que possam lhe dar uma forma ordenada e

coerente. É preciso destacar ainda que a memória exerce um poder incomensurável na

construção de uma identidade de grupo, consagrando os elementos pelos quais os indivíduos

se veem como pertencentes a um determinado coletivo, muitas vezes em detrimento de

outrem.

A força desta memória aglutinadora é realimentada, reforçada, reinventada

constantemente, principalmente em situações onde uma reflexão externa tenta solapar ou

minar os elementos que unem o grupo e lhe confere um sentido particular, como nos esforços

de proteção das propriedades coletivas e/ou na produção de saberes coletivos. Ademais, as

memórias são fontes históricas, pois elas nos ajudam a identificar o que tem sido lembrado,

recordado por um ou vários grupos sociais. É possível identificar a permanência de uma

determinada leitura sobre o acontecimento, as contradições e visões distintas, os elos que

ligam certos grupos e afastam os outros. Enquanto fontes históricas, elas merecem passar

por uma análise crítica, capaz de desconstruir as memórias consagradas por um coletivo. Elas

são também fenômenos históricos, que Peter Burke denomina como história social da

recordação. Neste sentido, [...] “dado que a memória social, tal como a memória individual,

é seletiva, precisamos identificar os princípios de seleção e de observar a maneira como

variam de lugar para lugar, ou de um grupo para outro, bem como a forma como se

modificam ao longo do tempo” (BURKE apud MOTTA, 2012, p. 26).

Criar biografias de um determinado patrimônio pode possibilitar perceber os sistemas

de construção de valores e memórias que os adjetivam e que são fundamentais para o

entendimento de sua importância para certas comunidades locais. Esses valores se

reconfiguram de tempos em tempos de acordo com as relações de força, sociabilidade,

desenvolvimento, contornos e sentidos que vão se somando ao patrimônio. Os valores

históricos, culturais e artísticos são peças fundamentais para a importância dos patrimônios.

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