História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Júlia Constança Pereira Camêlonesses jornais, essa premissa de que a narrativa não deve se limitar apenas à forma estruturallinguística é patente.Com isso, os jornais no final do século XX são poderosos meios que militam pelapreservação do patrimônio, antes e após a UNESCO (Organização das Nações Unida para aEducação, a Ciência e a Cultura) ter reconhecido São Luís como Patrimônio Cultural daHumanidade.Levando-se em consideração o que foi afirmado, a imprensa escrita maranhense tempapel importante na divulgação do patrimônio histórico, por meio dos artigos e fotografias.Os discursos homogêneos dos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial conseguiramtransmitir à sociedade ludovicense a importância do patrimônio e sua preservação, porintermédio de textos preservacionistas, culturais ou até mesmo com textos alarmistas. Existeum engajamento dos jornais em defesa da preservação, também como forma de desenvolvera economia do Estado, e em particular da capital, São Luís.Vamos nos ater neste artigo às matérias e aos discursos dos jornais disponíveis naBiblioteca Pública do Estado “Benedito Leite”, O Estado do Maranhão e O Imparcial. Segundoos próprios jornais, O Estado do Maranhão é oriundo do jornal O Dia, fundado em 1951, porAlberto Aboud, e vendido em 1973 a José Sarney e Bandeira Tribuzzi. O Imparcial iniciou suacirculação na capital maranhense em 1º de maio de 1926. Em 1944, foi adquirido pelos DiáriosAssociados de Assis Chateubriand. É o jornal mais antigo em circulação no Maranhão.O caminho do patrimônioO projeto que conduziu parte da capital do Maranhão ao patamar de Patrimônio daHumanidade começou a ser pensado na década de 60, quando José Sarney, entãogovernador do estado, contratou representantes franceses com esse fim, e conseguiu que umarquiteto viesse à cidade. Contudo, a iniciativa não resultou em convênios. Já as avaliaçõesapontaram para a necessidade de restauração do conjunto arquitetônico. Na década de 90,558

Patrimônio Ludovicense: a narrativa dos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial enquanto...no governo de Roseana Sarney, o Centro Histórico de São Luís recebeu o título de PatrimônioCultural da Humanidade.Em 1987, aconteceu a implantação do “Reviver” ou Programa de Preservação eRevitalização do Centro Histórico, que restaurou casarões, as redes de serviços públicos deágua, telefonia, esgoto, energia elétrica, utilizando luminárias conforme fotos do começo doséculo XX, nas quais se pode constatar as permanências do XIX, a pavimentação retornandoao traçado que as fotos apresentam das ruas, numa área de 12 hectares e 200 edificaçõestombadas, adquiridas pelo Estado para a instalação de órgãos públicos (CAMÊLO, 2012).Todo o processo de restauração foi denominado revitalização da Praia Grande, paraalguns e Reviver, para outros, pois o projeto acabou por popularizar este termo, até porque abase da restauração aconteceu pautada em fotografias de 1908. Ao fazer “Reviver” o começodo século XX com as marcas do XIX, São Luís viu-se preservada. E assim, tudo indica quereencontrou sua estima de civilidade. Porém, o título levou a um compromisso de preservarnão mais uma identidade local e nacional, mas agora, também, uma inserção no patrimônioUniversal da Humanidade (CAMÊLO, 2012).Esse projeto de preservação do patrimônio diz respeito a um mecanismo importantede ações preservacionistas culturais, junto às instituições estaduais e federais, por meio deum vínculo entre a administração da cidade, juntamente com outras instituições, como porexemplo, o IPHAN- Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, investindo juntos narevitalização do Patrimônio.Essa preocupação em preservar passou a ser política do governo do Estado, quetambém foi encampada pelos jornais. Da mesma forma, as administrações municipaispercebem na preservação do patrimônio uma forma de dinamizar sua economia e fortalecera identidade do município.Na concepção de Choay (2001), trata-se de uma expressão da indústria cultural. Aautora entende que a indústria cultural proporciona ao patrimônio uma mistura de saber eprazer para utilizar o monumento nas diversas finalidades do público. Hoje em dia, São Luísvive a era da indústria cultural, e o Centro Histórico é grande atração turística, centro de559

Júlia Constança Pereira Camêlo

nesses jornais, essa premissa de que a narrativa não deve se limitar apenas à forma estrutural

linguística é patente.

Com isso, os jornais no final do século XX são poderosos meios que militam pela

preservação do patrimônio, antes e após a UNESCO (Organização das Nações Unida para a

Educação, a Ciência e a Cultura) ter reconhecido São Luís como Patrimônio Cultural da

Humanidade.

Levando-se em consideração o que foi afirmado, a imprensa escrita maranhense tem

papel importante na divulgação do patrimônio histórico, por meio dos artigos e fotografias.

Os discursos homogêneos dos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial conseguiram

transmitir à sociedade ludovicense a importância do patrimônio e sua preservação, por

intermédio de textos preservacionistas, culturais ou até mesmo com textos alarmistas. Existe

um engajamento dos jornais em defesa da preservação, também como forma de desenvolver

a economia do Estado, e em particular da capital, São Luís.

Vamos nos ater neste artigo às matérias e aos discursos dos jornais disponíveis na

Biblioteca Pública do Estado “Benedito Leite”, O Estado do Maranhão e O Imparcial. Segundo

os próprios jornais, O Estado do Maranhão é oriundo do jornal O Dia, fundado em 1951, por

Alberto Aboud, e vendido em 1973 a José Sarney e Bandeira Tribuzzi. O Imparcial iniciou sua

circulação na capital maranhense em 1º de maio de 1926. Em 1944, foi adquirido pelos Diários

Associados de Assis Chateubriand. É o jornal mais antigo em circulação no Maranhão.

O caminho do patrimônio

O projeto que conduziu parte da capital do Maranhão ao patamar de Patrimônio da

Humanidade começou a ser pensado na década de 60, quando José Sarney, então

governador do estado, contratou representantes franceses com esse fim, e conseguiu que um

arquiteto viesse à cidade. Contudo, a iniciativa não resultou em convênios. Já as avaliações

apontaram para a necessidade de restauração do conjunto arquitetônico. Na década de 90,

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