História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias
Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.
Ana Cristina Rocha Silvade sustentabilidade, a realidade do PAE Maracá tem deixado a desejar nas questões sociais,econômicas e ambientais.Pelo exposto, não apenas os sítios arqueológicos estão vulneráveis, os modos de vidada população tradicional da área também. Com uma trajetória histórica e cultural vinculadaao agroextrativismo, essa população tem sofrido com a ausência do Estado e com oabandono das políticas públicas. Apesar do contexto ambiental e cultural riquíssimo, o PAEMaracá vive um cenário de muitas insustentabilidades.Daí a necessidade de estratégias de desenvolvimento condizentes com a realidade local.Conforme desenvolvido adiante, a musealização social é vista como um caminho oportuno.Além de somar para o (re)conhecimento da história da região, ela pode contribuir para acompreensão da multivocalidade do patrimônio arqueológico na vida das comunidades;fortalecer os elos identitários da população local junto aos povos antigos que habitaram o lugar;e permitir meios de sustentabilidade fundados no usufruto de bens culturais.A contribuição da museologia socialAo considerar-se a tradição, a prática museal concebe a coleção como o motor doprocesso de musealização. Com base em Cândido (2018), ao longo dos anos, essa perspectivatem promovido uma espécie de deslocamento “[...] de fora pra dentro [...]” (CÂNDIDO, 2018,p. 422) que encapsula bens culturais em um determinado espaço e os aparta de seuscontextos e contradições sociais. No campo da musealização, de acordo com Cândido (2018),essa descontextualização e desterritorialização de objetos passa a ser questionadanotadamente na década de 1970, por ocasião da mesa redonda que discutia a ideia de museuintegrado. Precisamente, isso se deu em 1972, no Chile, no âmbito do evento denominado ODesenvolvimento e o Papel dos Museus no Mundo Contemporâneo.Doravante, o processo de musealização é entendido como “[...] um campo de relações:entre pessoas, seu patrimônio e seu meio ambiente (território) e, em especial, a qualificaçãodestas relações em proveito do desenvolvimento da sociedade” (CÂNDIDO, 2018, p. 422).520
Patrimônio arqueológico e desenvolvimento no PAE Maracá-AP: contribuições...Nessa direção, sob os aportes de Chagas (2003), Cândido (2018) explica que a museologia seconstitui da ligação entre seres humanos, objetos culturalmente qualificados e espaçossocialmente constituídos.Isto posto, para a autora, o processo de musealização se dá a partir da seleção eatribuição de sentidos realizada no interior de um universo patrimonial amplo. Assim, eleresulta em um recorte composto por um “[...] conjunto de indicadores da memória oureferências patrimoniais tangíveis ou intangíveis, naturais ou artificiais, indistintamente”(CÂNDIDO, 2018, p 423). De tal modo, as relações entre território, relações sociais e elementosculturais ganham notoriedade e corroboram para o reconhecimento do patrimônio como umaconstrução social.Pelo que se expõe e com base em Cândido (2018), ao inspirar-se nesses moldes, amodalidade de museu integrado viabiliza conexões intra e extramuros. Assim, soma paracom processos de gestão territorial e de desenvolvimento local sustentável, conforme prevêo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Ainda, nesse tipo de museu, se oportunizamabordagens integradoras da cultura e do patrimônio, de maneira a desconstruir a ilusóriaseparação das categorias patrimônio material e patrimônio imaterial.A esse respeito, entende-se a partir de Meneses (2004) que separar bens materiais ebens imateriais, para fins de um desmembramento fictício da vida, pressupõe o fim daspossibilidades de apreensão dos processos em que a cultura é construída. Logo, permitir umavisão integradora desses elementos é contribuir para o entendimento de que não existe umpatrimônio material. O que há é um patrimônio único, cuja natureza é imaterial e que éproduzido com base em uma cultura que se transmite no tempo e no espaço, tal comoassevera Horta (2005).Ao ter-se em vista as possibilidades descritas, há de se reconhecer que a proposta demuseu integrado é alternativa interessante para a preservação do patrimônio arqueológicosituado no PAE Maracá. Como se viu nas seções anteriores, nesse território, as relações entreas comunidades e os vestígios arqueológicos adquirem sentidos múltiplos. A considerar-se oestudo de Leite (2014), alguns desses sentidos revelam um imaginário fantástico no entorno521
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Ana Cristina Rocha Silva
de sustentabilidade, a realidade do PAE Maracá tem deixado a desejar nas questões sociais,
econômicas e ambientais.
Pelo exposto, não apenas os sítios arqueológicos estão vulneráveis, os modos de vida
da população tradicional da área também. Com uma trajetória histórica e cultural vinculada
ao agroextrativismo, essa população tem sofrido com a ausência do Estado e com o
abandono das políticas públicas. Apesar do contexto ambiental e cultural riquíssimo, o PAE
Maracá vive um cenário de muitas insustentabilidades.
Daí a necessidade de estratégias de desenvolvimento condizentes com a realidade local.
Conforme desenvolvido adiante, a musealização social é vista como um caminho oportuno.
Além de somar para o (re)conhecimento da história da região, ela pode contribuir para a
compreensão da multivocalidade do patrimônio arqueológico na vida das comunidades;
fortalecer os elos identitários da população local junto aos povos antigos que habitaram o lugar;
e permitir meios de sustentabilidade fundados no usufruto de bens culturais.
A contribuição da museologia social
Ao considerar-se a tradição, a prática museal concebe a coleção como o motor do
processo de musealização. Com base em Cândido (2018), ao longo dos anos, essa perspectiva
tem promovido uma espécie de deslocamento “[...] de fora pra dentro [...]” (CÂNDIDO, 2018,
p. 422) que encapsula bens culturais em um determinado espaço e os aparta de seus
contextos e contradições sociais. No campo da musealização, de acordo com Cândido (2018),
essa descontextualização e desterritorialização de objetos passa a ser questionada
notadamente na década de 1970, por ocasião da mesa redonda que discutia a ideia de museu
integrado. Precisamente, isso se deu em 1972, no Chile, no âmbito do evento denominado O
Desenvolvimento e o Papel dos Museus no Mundo Contemporâneo.
Doravante, o processo de musealização é entendido como “[...] um campo de relações:
entre pessoas, seu patrimônio e seu meio ambiente (território) e, em especial, a qualificação
destas relações em proveito do desenvolvimento da sociedade” (CÂNDIDO, 2018, p. 422).
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