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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Patrimônio arqueológico e desenvolvimento no PAE Maracá-AP: contribuições...

alcançou maioria no reconhecimento desse vínculo. Dentre outras coisas, os dados

expressam a pertinência de um museu local.

Não um museu tradicional, com uma representação unificadora e globalizante dos

grupos e categorias socias da humanidade que habita o território do PAE Maracá. E sim um

museu capaz de intercambiar experiências, a fim da descoberta de uma dimensão da

realidade desconhecida e/ou distante no tempo e espaço, como sugere Gonçalves (2009).

Nesses moldes, o museu tem seu papel educativo potencializado e ganha o poder de

mobilizar e organizar a memória, bem como de revigorar processos identitários.

A desqualificação da multivocalidade dos vestígios arqueológicos

A pensar-se com Ortiz (2012), orientada pela busca de uma identidade étnica única, a

formação ideológica da identidade nacional esteve profundamente enraizada no ideário de

branqueamento. De tal modo, a conotação racial definiu hierarquias e construiu estruturas de

dominação. Assim, determinou-se que índios, negros e mestiços possuíam uma inferioridade

natural. Conforme se compreende de Bittencourt (2011), essa suposta inferioridade

corroborou para o fortalecimento da ideia de que “os grandes homens”, notadamente

representados pelo branco colonizador, eram os principais construtores da história do Brasil.

Assim, a matriz cultural branca ocidental sempre ocupou lugar privilegiado na

construção da mentalidade do cidadão nacional. Em se tratando do patrimônio arqueológico,

a valorização da cultura branca ocidental acabou por refletir na negação da multivocalidade

dos vestígios do passado. Herdeira desse contexto, a arqueologia seguiu a mesma tendência

e, conforme indica o meio especializado (GNECCO, 2010; SALERNO, 2012), sua prática

tradicional privilegiou interpretações do passado limitadas às “verdades do mundo

ocidental” e assentadas na crença de uma história cronológica, linear e com fases

subsequentes: civilização, modernidade e desenvolvimento.

Com base em Hodder (2008), a multivocalidade do passado sinaliza a existência de

múltiplos significados para as coisas e objetos do passado. Compreendê-la em contextos

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