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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Patrimônio arqueológico e desenvolvimento no PAE Maracá-AP: contribuições...

e Barreto (1988) localizaram uma camada de ocupação contendo oito artefatos e restos de

fogueiras. A análise dos restos de carvão indicou uma datação de aproximadamente 3750 +/-

110 AP.

Nas paredes do Buração, Hilbert e Barreto (1988) também registraram pinturas

rupestres. Ao considerar-se a publicação de Cabral, Saldanha e Leite (2018), se sabe que o

Buracão está entre os poucos sítios de pinturas rupestres já registrados no Amapá, até então.

Ainda, segundo indica o estudo de Leite (2014), o Buracão é um dos sítios mais míticos de

todo o território do Maracá, uma vez que, conforme explorado mais à frente, ele está imerso

em um conjunto de histórias fantásticas.

Dentre os inúmeros estudos desenvolvidos no Maracá, o capitaneado pelo Museu

Paraense Emílio Goeldi (MPEG), na década de 1990, é um dos mais completos. Pesquisadora

do MPEG, Guapindaia (2001) explica que os sítios do entorno do Igarapé do Lago do Maracá

são do tipo a céu aberto e do tipo cemitério em áreas de cavernas. Por conta da proximidade

entre os sítios habitação e as fontes de água, bem como da distância entre os sítios cemitério

e essas fontes, Guapindaia (2001) sugere a densidade dos assentamentos indígenas na

região.

Os sítios do tipo cemitério em ambiente de gruta ou caverna são encontrados com

certa frequência pelos moradores locais. Tal como descrevem os primeiros pesquisadores

que passaram por lá, eles relatam a existência de urnas antropomorfas. “Na entrada das

cavernas ficam aqueles índios de barro; tem uns grande e uns pequeno; eles ficam sentados

e parece que tão vigiando pra ninguém entrar [...]” (FREITAS, 2019, entrevista) relata Elivaldo

Cruz de Freitas, 49 anos, conhecido pelo apelido de Pinta Cuia.

As urnas zoomorfas também são registradas, mas as antropomorfas são as mais

encontradas, segundo Guapindaia (2001). Para essa pesquisadora, isso sinaliza funções

específicas, tais como o enterramento de indivíduos com status diferenciado no grupo. Nunes

Filho (2010) também já desenvolveu pesquisas nesse território e afirma que é comum

encontrar ossos cremados no interior das urnas. De acordo com a descrição do autor, elas

eram lacradas com cordões enfiados em orifícios situados na parte inferior da tampa; na parte

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