10.08.2021 Views

História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“Eu não sei se morou índio, arábio ou negro”: os vestígios arqueológicos e narrativas...

as pessoas, pois há algum tempo atrás, nossa prática de arqueologia estava centrada

especificamente nos vestígios arqueológicos. Quando começamos o contato com os

moradores da comunidade de Vila Velha do Cassiporé, inicialmente estávamos interessados

em contribuir com estudos voltados para a ocupação pré-colonial indígena da parte norte do

Estado do Amapá, assim como fizeram outros pesquisadores (GREEN; GREEN; NEVES, 2003;

HILBERT, 1957; MEGGERS; EVANS, 1957; NIMUENDAJÚ, 2004; SALDANHA, 2017). No

entanto, a pesquisa de campo sempre revela surpresas. Ao estarmos abertos a ouvir e

entender as diferentes percepções das pessoas e seus discursos sobre a identidade local, a

prática arqueológica permitiu identificar estes questionamentos iniciais apresentados pelos

nossos entrevistados.

As narrativas dos nossos colaboradores moveram o pêndulo para outras histórias, de

pessoas ou grupos que possuem conflitos com suas identidades. A presença dos vestígios

arqueológicos e dos lugares de ocorrência na paisagem são características significativas

utilizadas por parte da comunidade de Vila Velha do Cassiporé para indicar a presença de

indígenas, negros e árabes no passado neste lugar. Junto à prática da pesquisa de campo,

levantamento de informações em arquivos públicos, acervos arqueológicos, história oral e

oficinas de genealogia familiar são formas de obter dados e de se pensar a história da

ocupação deste lugar.

No caso da parte norte do Amapá, onde está a comunidade de Vila Velha do Cassiporé,

dado o processo histórico da região por diferentes grupos étnicos (ACEVEDO MARIN;

GOMES, 2003; CARDOSO, 2008; LUNA, 2011; QUEIROZ; GOMES, 2002), uma prática

arqueológica reflexiva pode contribuir para um melhor conhecimento sobre as formas de

percepção das pessoas sobre os vestígios arqueológicos e o reconhecimento das histórias

dos seus territórios, enquanto lugares de memórias (NORA, 1993) ou lugares praticados

(CERTEAU, 1994). As informações apresentadas neste texto são caminhos iniciais para refletir

sobre o território desta pequena comunidade de fronteira e refletir na sua pluralidade social

e cultural no passado e presente.

447

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!