10.08.2021 Views

História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jelly Juliane Souza de Lima, Avelino Gambim Júnior

partilhar interpretações multivocais iniciais sobre o passado, revelaram duas perspectivas

que devem ser consideradas. Uma delas é o modelo clássico e colonialista da autoridade

científica que cria barreiras epistemológicas. A outra perspectiva, adotada nesta pesquisa,

busca saber escutar as diferentes interpretações sobre o passado, possibilitando uma efetiva

participação e incorporação de diferentes sujeitos e narrativas.

Considerações acerca da arqueologia e interpretações multivocais sobre o passado

A Arqueologia, até recentemente, foi uma disciplina pouco preocupada com as

implicações mundanas de sua prática e fazer científico, como se não estivesse emaranhada

nos interesses dos estados, grupos e indivíduos (ATALAY, 2008; HODDER, 2003, 2008;

TRIGGER, 2008). Conforme Sonya Atalay (2008, p. 33), a arqueologia não é boa ou ruim, mas

a sua aplicação e prática tem o potencial de privar e ser usada como forças colonizadoras.

Esse tipo de entendimento foi desafiado nas últimas décadas em diversos lugares do mundo

(FUNARI, 2001, GNECCO, 1999,;2009). A principal intenção deste modo de fazer arqueologia

é a possibilidade de permitir a participação de mais vozes, grupos e indivíduos, o que coloca

a multivocalidade como peça chave da prática arqueológica (HODDER, 2008, p. 196).

Neste sentido, o objetivo não é substituir os conceitos ocidentais, mas possibilitar a

incorporação de outras experiências e conhecimentos nas práticas arqueológicas

classificadas como convencionais e criar uma prática arqueológica multivocal que beneficie

a sociedade de forma mais ampla sobre o conhecimento acerca do passado (ATALAY, 2008,

p. 33-34). As preocupações reflexivas caminham em direção ao uso do passado na formação

de identidades relacionadas ao território (BROWN, 2004; ZEDEÑO, 1997). Na Amazônia, o

desafio contemporâneo da arqueologia está relacionado com as formas de incorporação das

diferentes visões sobre o passado e a diversidade de ideias sobre este passado e os vestígios

arqueológicos (JACQUES, 2015; MACHADO, 2013).

O projeto “Memórias da Terra: Patrimônio Arqueológico da Vila Velha do Cassiporé,

AP” (LIMA, 2018), possibilitou um novo exercício de pesquisa, ao estabelecer o diálogo com

446

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!