História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias
Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.
Jelly Juliane Souza de Lima, Avelino Gambim JúniorPara os viajantes de carro, atualmente o acesso à Vila Velha do Cassiporé é possívelgraças ao ramal aberto com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(INCRA). Após o I do Cassiporé, mais à frente do lado direito da BR-156, uma casinha demadeira escondida entre uma vegetação de floresta densa, marca a entrada do ramal queleva até a comunidade. A presença de pontes de madeira que cortam o ramal de terra batidapara a Vila Velha do Cassiporé indicam trechos de pequenos cursos de igarapés espalhadospela região. No decorrer do trajeto é possível ver animais como mamíferos, répteis e aves.Ao chegar na pequena Vila Velha do Cassiporé, encontra-se uma comunidade depequena escala (BEZERRA, 2017, p. 20), constituída de relações locais de parentesco, na qualé possível identificar pessoas que vieram do Cunani, Lourenço ou Amapá. A Vila Velha doCassiporé foi atrativa para a chegada de pessoas por diversos motivos, por laços familiarescom pessoas que já viviam e vivem na comunidade ou arredores, na procura do ouro, embusca de terras para cultivo e agricultura e por melhores condições de vida, como é o casode pessoas vindas do estado do Pará, de Vigia e Chaves, por exemplo, assim como pessoasvindas do estado do Ceará.Algumas localidades são mencionadas pelos moradores da Vila Velha, demonstrandoum intenso fluxo de pessoas, coisas e ideias. Um exemplo desses lugares próximos, e muitocorriqueiro nas falas e narrativas escutadas, é a menção que fazem dos antigos moradoresda Vila do Tapereba que até pouco tempo circulavam na Vila Velha do Cassiporé, em épocasde festa, ou ainda, para visitar parentes e fazer vendas/trocas de mercadorias.Como vizinhos, a Vila Velha do Cassiporé possui a Terra Indígena (TI) Uaçá e relaçõesde maior proximidade com a aldeia Kumarumã. Como a aldeia Kumarumã possui umaintensa produção de canoas, remos e produtos derivados da mandioca (farinha, goma detapioca, farinha de tapioca e tucupi), a mesma mantém relações de troca e venda de produtoscom a Vila Velha do Cassiporé (TASSINARI, 2003, p. 79). O bom relacionamento da Vila Velhado Cassiporé com a aldeia Kumarumã, possibilita uniões com mulheres da etnia Galibi-Marworno (LIMA; GAMBIM JÚNIOR; CARNEIRO, 2020).432
“Eu não sei se morou índio, arábio ou negro”: os vestígios arqueológicos e narrativas...No último levantamento de informações do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) realizado no ano de 2010, contabilizou-se que na Vila Velha do Cassiporéresidiam cerca 2723 pessoas, sendo 1423 homens e 1300 mulheres, possuindo um total de524 domicílios particulares e 0,32 habitantes por km² (IBGE, 2010). Ao perguntarmos qual é ogentílico (relativo ou pertencente a) de quem nasce em Vila Velha do Cassiporé, a Sra. Waldirados Santos relembrou o jornalista e literário Hélio Pennafort, que dizia que quem nasce noCassiporé é cacipeiro 2 .A economia da Vila Velha do Cassiporé gira em torno da pesca, agricultura desubsistência, produção agrícola de mandioca, banana e melancia bem como o extrativismodo cacau e açaí. Em relação ao cacau, algumas mulheres fabricam barras de chocolatecaseiro. Todo ano é realizado o festival da melancia que conta com atividades comoapresentações de bandas, grupos de dança, corrida da melancia, torneio de futebol e desfileda miss melancia. Outras formas de sustento das famílias cacipeiras é a criação de animaiscomo porcos, bois e búfalos.Na Vila Velha do Cassiporé as casas são de madeira ou mistas (alvenaria e madeira).Quanto aos serviços públicos, estes funcionam com certa regularidade. Assim, existem duasescolas públicas (municipal e estadual), um pequeno posto de saúde com dificuldades deoperacionalização e um sistema de telefonia composto por dois telefones públicos. Aspequenas ruas não possuem uma infra-estrutura, sendo as mesmas de terra batida. Alémdisso, não existe na Vila Velha do Cassiporé tratamento de água e esgoto.As práticas religiosas contribuem para o estabelecimento das relações sociais na VilaVelha do Cassiporé. As religiões praticadas na Vila Velha do Cassiporé são o protestantismo(Assembléia de Deus e Congregação Cristã no Brasil) e o catolicismo. Quanto ao catolicismo,no dia 19 de março comemora-se o dia de São José, santo padroeiro da comunidade. Otemplo da igreja católica, anteriormente desativado, está sendo reconstruído. A figura do2Este gentílico, entretanto, não é mencionado com frequência na comunidade, ou fora dela, e nem foiutilizado pela equipe de pesquisa em campo, mas será usado neste capitulo para se referir às pessoasque moram na Vila Velha do Cassiporé.433
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Jelly Juliane Souza de Lima, Avelino Gambim Júnior
Para os viajantes de carro, atualmente o acesso à Vila Velha do Cassiporé é possível
graças ao ramal aberto com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA). Após o I do Cassiporé, mais à frente do lado direito da BR-156, uma casinha de
madeira escondida entre uma vegetação de floresta densa, marca a entrada do ramal que
leva até a comunidade. A presença de pontes de madeira que cortam o ramal de terra batida
para a Vila Velha do Cassiporé indicam trechos de pequenos cursos de igarapés espalhados
pela região. No decorrer do trajeto é possível ver animais como mamíferos, répteis e aves.
Ao chegar na pequena Vila Velha do Cassiporé, encontra-se uma comunidade de
pequena escala (BEZERRA, 2017, p. 20), constituída de relações locais de parentesco, na qual
é possível identificar pessoas que vieram do Cunani, Lourenço ou Amapá. A Vila Velha do
Cassiporé foi atrativa para a chegada de pessoas por diversos motivos, por laços familiares
com pessoas que já viviam e vivem na comunidade ou arredores, na procura do ouro, em
busca de terras para cultivo e agricultura e por melhores condições de vida, como é o caso
de pessoas vindas do estado do Pará, de Vigia e Chaves, por exemplo, assim como pessoas
vindas do estado do Ceará.
Algumas localidades são mencionadas pelos moradores da Vila Velha, demonstrando
um intenso fluxo de pessoas, coisas e ideias. Um exemplo desses lugares próximos, e muito
corriqueiro nas falas e narrativas escutadas, é a menção que fazem dos antigos moradores
da Vila do Tapereba que até pouco tempo circulavam na Vila Velha do Cassiporé, em épocas
de festa, ou ainda, para visitar parentes e fazer vendas/trocas de mercadorias.
Como vizinhos, a Vila Velha do Cassiporé possui a Terra Indígena (TI) Uaçá e relações
de maior proximidade com a aldeia Kumarumã. Como a aldeia Kumarumã possui uma
intensa produção de canoas, remos e produtos derivados da mandioca (farinha, goma de
tapioca, farinha de tapioca e tucupi), a mesma mantém relações de troca e venda de produtos
com a Vila Velha do Cassiporé (TASSINARI, 2003, p. 79). O bom relacionamento da Vila Velha
do Cassiporé com a aldeia Kumarumã, possibilita uniões com mulheres da etnia Galibi-
Marworno (LIMA; GAMBIM JÚNIOR; CARNEIRO, 2020).
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