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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Jelly Juliane Souza de Lima, Avelino Gambim Júnior

cavernas naturais (GOELDI, 1905; HILBERT, 1957; NIMUENDAJÚ, 2004; CABRAL; SALDANHA,

2010; MEGGERS; EVANS, 1957).

Esta mencionada cerâmica Aristé (conhecida popularmente como Cunani pelo público

amapaense) possui uma longa profundidade temporal, e diversas evidencias arqueológicas

associadas, como por exemplo, adornos e contas, encontradas em vários desses sítios

arqueológicos, parecem indicar uma intensa rede de trocas e mobilidades de pessoas e ideias,

que integram regiões como o arquipélago do Marajó, o estado do Amapá, Guiana Francesa,

Suriname e Guiana Inglesa (SALDANHA, 2017; GAMBIM JÚNIOR, 2016; GAMBIM JÚNIOR et

al., 2018).

No que se refere à profundidade temporal desses vestígios, a cerâmica Aristé possui

algumas características semelhantes às recentemente produzidas por povos Palikur no

Oiapoque, sendo inclusive, por vezes reconhecida pelos mesmos como “cerâmica dos

antigos”, se referindo aos seus antepassados distantes (GAMBIM JÚNIOR, 2016; GAMBIM

JÚNIOR et al., 2018; HILBERT, 1957; GREEN; GREEN; NEVES, 2003; MEGGERS; EVANS, 1957;

NIMUENDAJÚ, 2004; ROSTAIN, 1994).

Este é o caso das cerâmicas Aristé (Figura 1) encontradas em Vila Velha do Cassiporé

e localidades aos seus arredores, no município de Oiapoque, onde foram registrados sítios

arqueológicos como antigos cemitérios, alguns provavelmente anteriores ao século XVI e

outros, adentrando possivelmente o século XVII (HILBERT, 1957). Nos sítios cemitério com

períodos cronológicos mais recentes, foram encontradas urnas funerárias (Figura 1, à

esquerda), cujos interiores, estavam depositados remanescentes humanos cremados

acompanhados de pequenos machados de pedra, pendentes de jadeita, muiraquitãs, guizos

de cobre e diversas contas 1 de vidro européia (Figura 2, à direita), estes dois últimos

1

Miçanga é o nome dado pelas pessoas da comunidade de Vila Velha do Cassiporé, para as contas de

vidro que estavam em urnas funerárias nos sítios arqueológicos. As contas são pequenos objetos

ornamentais que podem ser amarrados em linhas e utilizados como enfeites em roupas (decoração)

ou objetos como rosários que foram usados em cerimonias religiosas e nas redes de troca com as

populações indígenas, africanas e européias no passado (ORSER JR., 2002, p. 57-58).

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