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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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“Eu não sei se morou índio, arábio ou negro”: os vestígios arqueológicos e narrativas...

Breve histórico da região

Na história de ocupação do estado do Amapá, e das Guianas, se sobressai uma

característica essencial, que é a existência hoje e como veremos, no passado, de uma extensa

rede de sociabilidades e com intenso fluxo de trocas de ideias, pessoas e coisas (GALLOIS,

2005). Essas relações até hoje não deixaram de existir e nem se deixaram restringir aos limites

das fronteiras nacionais de países como Brasil, Guiana Francesa e Suriname (GALLOIS;

GRUPIONI, 2009). Na parte norte do Amapá, as particularidades dizem respeito às interações

sociais e circulação de diferentes sujeitos étnicos no passado da região.

Ao longo dos séculos XIX, XX e adentrado ao século XXI, diversas pesquisas

arqueológicas têm dado conta de procurar contar através dos vestígios materiais as histórias

dos povos originários da região ao norte do atual estado do Amapá. Estas pesquisas, realizadas

em locais como Calçoene, Amapá e Oiapoque, áreas-alvo do estudo aqui relatado, identificaram

uma variedade de sítios arqueológicos, a maioria relacionada a ocupação indígena nesta região

(GOELDI, 1905; GREN; GREN; NEVES, 2003; HILBERT, 1957; NIMUENDAJÚ, 2004; CABRAL;

SALDANHA, 2010; MEGGERS; EVANS, 1957; SALDANHA, 2017).

As cronologias obtidas dão conta de períodos de mais 1000 anos atrás até cronologias

mais recentes por volta do século XVIII e XIX, sendo identificados sítios definidos como

cemitérios, aldeias, aldeias com estruturas defensivas, sítios cerimoniais como grutas e

abrigos naturais e estruturas megalíticas (GAMBIM JÚNIOR, 2016; GOELDI, 1905; HILBERT,

1957; NIMUENDAJÚ, 2004; CABRAL; SALDANHA, 2010; MEGGERS; EVANS, 1957; ROSTAIN,

1994; SILVA, 2016).

Na maioria desses sítios, tem sido identificado um tipo de cerâmica denominada pelos

arqueólogos de Aristé, mais conhecidas pelas urnas funerárias com elementos

antropomorfos e zoomorfos (formas humanas e de animais respectivamente) e vasilhas,

tigelas e potes decorados encontrados enterradas, por exemplo, em poços funerários, antigos

cemitérios de urnas a céu aberto, ou junto a estruturas megalíticas ou então depositadas em

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