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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Jelly Juliane Souza de Lima, Avelino Gambim Júnior

entramos em contato com a liderança chamada Sr. Valter do Santos, presidente da

Associação de Remanescentes de Quilombola de Vila Velha do Cassiporé.

As documentações que estão no Sistema Eletrônico de Informação (SEI) do IPHAN e

os relatos do Sr. Valter do Santos da Associação de Remanescentes de Quilombola de Vila

Velha do Cassiporé, indicavam que estaríamos adentrando em uma zona em que os vestígios

arqueológicos estão no cerne dos conflitos de identidades. Afinal, quem morou naquele lugar

no passado? Índios, arábios ou negros? Esta dúvida passou a ser levantada, por ser uma área

de fronteira, que exerceu forte atração para circulação de indígenas, negros, franceses e

garimpeiros que ocuparam a região, principalmente no final do século XIX (CARDOSO, 2008).

Dada essa intensa circulação de pessoas no passado nesta região, hoje as pessoas que fazem

parte da comunidade de Vila Velha do Cassiporé questionam as origens de quem vive neste

lugar.

Os vestígios arqueológicos e lugares na paisagem onde estes se encontram, fizeram

emergir as memórias e as narrativas de três grupos de entrevistados que procuram explicar,

(re) afirmar ou contestar a presença das pessoas hoje neste território: os que fazem parte do

assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), os moradores

que se declaram quilombolas e aqueles que só querem conhecer a história do lugar onde

moram. Neste sentido, pode-se perceber que os moradores da comunidade de Vila velha do

Cassiporé possuem relações complexas com o patrimônio arqueológico.

É neste cenário que a Arqueologia tem constantemente se deparado com situações

desafiadoras, no que tange o trabalho de campo (JACQUES, 2013). Este foi o caso do projeto

“Memórias da Terra: Patrimônio arqueológico da Vila Velha do Cassiporé, AP” (LIMA, 2018),

que teve como objetivo geral registrar as percepções e narrativas sobre os vestígios

arqueológicos e como estas seriam incorporadas em histórias pela comunidade de Vila Velha

do Cassiporé (LIMA, 2018, 2019). Este texto apresenta os resultados iniciais das análises das

narrativas e memórias dos moradores da comunidade de Vila Velha do Cassiporé: Valter dos

Santos, Raimunda Silva, Ivanildo dos Santos e Sebastião Moraes, que nos permite partilhar

intepretações multivocais iniciais sobre o passado no presente.

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