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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Laiane Pereira da Costa, Maria do Amparo Alves de Carvalho

Considerações finais

Os ambientes de fazendas possuem grande riqueza patrimonial, dentre as quais,

algumas se sobressaem mais que outras, em razão do olhar colonialista. As fazendas

escravistas piauienses são ambientes importantes para a memória da população negra, pois

nelas se instituíram a escravidão de seus ancestrais. Também foram delas que surgiram as

comunidades quilombolas.

O estudo da cultura material possibilita a análise de significados de determinados

lugares, construídos por grupos, sua organização espacial, mítico-religiosa, e como esses

espaços são negociados socialmente. Também possibilita entender o cotidiano de pessoas

escravizadas nesses ambientes e o que estes representavam ou significavam para eles.

Para a sociedade, os afrodescendentes eram como objetos ou animais. Esses fatores

sempre contribuíram para disseminar o preconceito racial, ainda visível nos dias atuais, em

que é possível notar suas marcas, por meio das diferentes formas de discriminação. Existiam

leis de proteção aos escravos que proibiam os castigos em excesso, mas estas eram

ignoradas e não havia uma fiscalização efetiva para o controle desses castigos. E isso porque

o controle que realmente importava era o dos escravos, que era feito de modo violento, sendo

a principal forma de manutenção do sistema escravista.

A própria Justiça utilizava a tortura para conter os escravos e punir os seus crimes,

quando os sentenciava aos açoites, entre outros tipos de torturas físicas e psicológicas, a fim

de combater quaisquer manifestações de oposição e resistência. Por sua vez, a revolta e

crimes dos escravos poderiam estar relacionados aos maus-tratos e castigos por motivos

fúteis.

O sistema Judiciário funcionou buscando a dominação com procedimentos ou

técnicas de sujeição. As leis eram injustas, pois beneficiavam quem tinha mais condições e

reservava as penas mais cruéis aos cativos; estes, em atitudes de revolta, tinham como única

solução contra essas punições oporem-se ao trabalho forçado nas fazendas. Longe das

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