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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Arqueologia da escravidão: artefatos de torturas da Fazenda Serra Negra

Os manuscritos não deixam dúvida quanto aos usos da tortura, e em um desses

registros, a descrição do instrumento, nos ajuda a 417eriódicos-lo como um possível

limbambo; o registro é da cidade de Jaicós e consta que:

Germano, escravo de Francisco Raimundo de As, pronunciado 9 de agosto de foi absolvido a

11 de Outubro de 1862 o juiz appellou. No dia 18 de Novembro de 1863 foi condenado pelo

jury no grão máximo do art. 205 do Cod. Crim., sendo a pena 417eriódic pelo Dr. Juiz de

Direito, obrigando o reo a sofrer 700 açoites, e a, por trazer no pescoço espaço de 16 anos,

um ferro de treze libras; com um gancho do comprimento de uma vara de medir (ROL DOS

CULPADOS, 1863-1869, p. 181).

Germano, assim como outros escravos que receberam penas como estas

possivelmente morreram antes de finalizar o tempo do suplício, pois seria difícil sobreviver

aos 700 açoites que certamente deixavam muitas feridas abertas. E com um ferro de treze

libras que corresponde ao peso de aproximadamente seis quilos, com o gancho de uma vara.

Seriam condições agravantes, pois, de acordo com Lima (2006), o contato prolongado com a

pele provocaria inchaços e feridas que propiciariam infecções. E também o uso do ferro

pesado no corpo ocasionaria sérias lesões na coluna do supliciado.

Por fim, a tecnologia da dor foi utilizada largamente em todas as regiões brasileiras,

nos núcleos urbanos e zonas rurais. Os instrumentos de suplício podem ser encontrados em

acervos de museus e coleções particulares, espalhados por todo o Brasil. E muitos poderão

estar em acervos de museus, ou colecionados de forma avulsa e pouco estudados ou

soterrados, em terrenos de fazendas e senzalas antigas à espera de algum arqueólogo que os

desenterre. A presença desses artefatos de tortura em fazendas do Piauí mostra não só a

presença de pessoas escravizadas, mas também que a escravidão não era branda, como

afirmou a historiografia tradicional.

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