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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Laiane Pereira da Costa, Maria do Amparo Alves de Carvalho

família, e, embora na condição de criados, tornavam-se quase um membro desta. Monsenhor

Chaves (2013) afirmou que no Piauí houve duas fases da escravidão: a primeira fase teria sido

mais violenta, um regime de “ferro e fogo” que teria durado desde o Período Colonial até o

início do Império. A segunda fase teria sido menos cruel, com tratamento mais cuidadoso aos

escravos, mas não nega que tenha havido violência, não foi tudo bonança ou benevolência

para os cativos.

Tânia Brandão (1999) afirma que havia tratamento diferenciado para os cativos do fisco 1

em relação aos particulares. Para esta autora, os escravos não se configuravam como uma

necessidade econômica, mas sim como um status social, pois, [...] “do ponto de vista

econômico e demográfico, não havia razão da utilização da mão de obra escrava no Piauí”

(BRANDÃO, 1999, p. 79), além disso, na pecuária, havia a necessidade de poucos trabalhadores,

e os escravos eram como uma ostentação social. E isso contribuiu para a ideia de diferenciação

de condições de trabalho entre o cativeiro público e o privado no Piauí.

Contudo novas pesquisas contradizem as afirmações da historiografia tradicional

como afirma Lima:

Em verdade, apenas a longa trajetória das fazendas públicas do Piauí teria

impedido a negação despudorada da contribuição sistemática e proposta pela

dificuldade do cativo desempenha-se nas práticas pastoris, empreendidas sem

pejo pela historiografia tradicional sulina, apesar de enorme evidência

documental apontar em sentido contrário. Por séculos, a criação animal nas

fazendas de estado repousou totalmente nas costas dos afrodescendentes

cativos (LIMA, 2005, p.7).

Como se pode perceber, o cativo no Piauí não vivia harmoniosamente no trabalho da

pecuária. Para Silva (2013), não significa que a escravidão era mais violenta que em outras

regiões do Brasil, mas que estava no mesmo patamar de igualdade. Podemos citar Esperança

1

Cativos do fisco ou escravos das fazendas nacionais – eram pessoas negras escravizadas que

trabalhavam nas propriedades que pertenceram ao principal conquistador das terras piauienses

conhecido como Domingos Afonso Sertão; após sua morte, essas terras foram doadas aos jesuítas que

catequizavam tanto os cativos indígenas como os negros. Conforme Lima (2016), a Coroa portuguesa

passou a administrar os cativos e fazendas, em 1760, após expulsar os jesuítas dessas fazendas que

passaram a ser chamadas de fazendas nacionais.

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