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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Laiane Pereira da Costa, Maria do Amparo Alves de Carvalho

Com mais frequência se vem utilizando o conceito de diáspora africana na

Arqueologia, para se referir aos estudos da dispersão mundial dos povos africanos e de seus

descendentes, tendo como motivo a escravidão e outros processos de imigração. O termo

em questão, segundo Ferreira (2009), é designado às experiências dos africanos, no

continente americano, que incluem a violência e humilhação, práticas do cotidiano, processos

de resistência. Além disso, essas experiências também agregam ações sociais e identidades

culturais dos afrodescendentes.

Nesse histórico, incluem-se ainda a realidade do tráfico de pessoas escravizadas, fato

que envolve as culturas dos povos da África, Europa e América. Esta formação multicultural

abre espaço para uma variedade de estudos, como os de naufrágios de navios negreiros, a

bioarqueologia nos estudos de cemitérios de escravos, formação de comunidades

quilombolas e outros.

A referida abordagem estuda locais relacionados à escravidão e também procura

mostrar a variedade da cultura material dos escravos. Sob este aspecto, para Mendes (2014),

é possível serem observadas estratégias de resistência não apenas na formação de

quilombos, mas na fabricação de objetos com conotação religiosa, opondo-se à cultura

imposta.

As abordagens da Arqueologia da escravidão, na década de 1990, foram influenciadas

pelo pensamento marxista. Estas deram espaço para analisar as relações de poder para

entender de que modo a cultura material euro-americano foi utilizada pelos escravos. Na

concepção de Mendes (2014), essas pesquisas mostram que, ao contrário do que se pensava,

os escravos possuíam cultura material. E, além disso, os artefatos encontrados em quilombos

e senzalas proporcionam a compreensão no que se refere a seus aspectos culturais e

comportamentais.

Locais como os antigos quilombos e mesmo, atualmente, as comunidades

quilombolas remanescentes, ainda são pouco estudadas na Arqueologia; esses lugares

representam alternativas de organização e luta contra a escravidão, e mostram que os

escravos não eram passivos ao cativeiro nem possuíam um comportamento generalizado.

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