História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias
Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.
Ligia Terezinha Lopes SimonianApós a Introdução a este capítulo que trata do fazer educacional do MAÇAÍ, a seguirtem-se as demais sessões que o constituem: a segunda traz uma discussão teórica sobre aeducação museal, com destaque para as perspectivas das autoras selecionadas e dos autoresselecionados e para o que pôde ser apropriado em relação a esse Museu; na sequência, fezseuma descrição analítica do processo de constituição do MAÇAÍ, porém com ênfase naeducação museal; logo, se discute a importância deste trabalho no âmbito mais amplo desteMuseu e em relação aos demais objetivos; e por fim apresentam-se os pontos principais docapítulo à guisa de conclusões.Educação museal – perspectivas teóricasEducação é uma categoria conceitual da maior importância para a humanidade e issodesde os tempos imemoriais. Dentre outros aspectos, é de se imaginar as mães e os paisensinando às crianças o significado das pinturas e das inscrições rupestres nas cavernas eem outros ambientes. Aliás, do ponto de vista teórico, são muitos os approaches, mas nestecapítulo se prioriza a matriz gramsciana (GRAMSCI, 2000) que, por sua vez, privilegia a relaçãocrítica entre educação e cultura. É de ressaltar-se, ainda, a compreensão de Freire (1977), emespecial pelo link que estabelece entre a educação dos trabalhadores e a cultura.Nos museus estadunidenses, a educação sempre teve um lugar de destaque. Noentendimento de Dubuc (2011, p. 505), “The educational role of the museum is intrinsicallyconnected to its mission, and this aspect has been developed more particularly within theAmerican museum tradition”. O mesmo Dubuc (2011, p. 505, apud Falk et al. 2006) enfatizaque “Now that advances in educational science recognize the increasingly important andactive role that visitors play, the museum is widely seen as a permanent learning environmentwhere the individual can exert free choice”. Assim, os interesses dos turistas, pesquisadores,estudantes etc. são essenciais na definição dos museus e da educação museal.No que respeita à educação museal, esta tem também suas bases na discussão dademocracia a la Gramsci, e nesta direção, quer a internamente efetivada, quer a construída34
Educação museal promovida pelo Museu do Açaí: seminários científicos, oficinas...no seu exterior, ou seja, para além de suas paredes, muros... Como posto por Castro (2016),os museus têm que ser democráticos internamente e envolvendo todos os segmentos demuseólogos a técnicos e pessoal em geral. Além disso e conforme o mesmo Castro (2016, p.75), o museu tem que “[...] democratizar também a sociedade ao seu redor [...]”. Assim, aoenvolver-se com um projeto museal que priorize a educação museal há de se serprioritariamente resiliente.Mais além dessas categorias fundantes da educação, da cultura e da educação museal,têm-se essencialidades na compreensão do fenômeno educação museal. Assim, se podeconsiderar a questão do lugar e da base econômica do seu entorno (TUAN, 2015). Nessadireção, o lugar pode intimidar segmentos significativos do local e das proximidades,principalmente porque as políticas públicas não garantem o acesso gratuito. Quanto àquestão econômica, o baixo poder aquisitivo de parte significativa da população pode reduziras possibilidades de consolidação das instituições, como os museus. Por sua vez, a educaçãomuseal pode se transformar em um conector entre o museu e a sociedade menos favorecida.Ante a falta e/ou redução de recursos financeiros nas áreas educacionais, culturais emuseológicas, e para que se tenha um devir mais promissor para a educação museal, aparticipação social pode ser uma estratégia importante e, ainda, contribuir com a reversão deproblemas como acessibilidade econômica. Simonian (2018c) discutiu há pouco sobre aimportância da educação e até da capacitação nos ambientes das áreas florestadas das ÁreasProtegidas e das Unidades de Conservação, em especial na Amazônia. Inclusive, tem-sealguns museus em AP/UC, embora, no Brasil, esta ainda seja uma possibilidade insipiente.A questão da educação museal também aponta para a essencialidade da análisesociológica da didática museal. Nos termos de Marandino (2015), esta questão tem de estarsempre sob uma análise sociológica, e precisamente o que se propõe aqui, é que seja antessocioantropológica, ampliando assim as alternativas analíticas. Neste ponto, não é apenasdescrever tais possibilidades e sim considerar, como já dito um pouco acima, os interessesdas frequentadoras e dos frequentadores dos museus, independentemente a quais categoriaspertençam – e quais seus interesses, sejam eles de ordem pessoal, social ou outra.35
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Ligia Terezinha Lopes Simonian
Após a Introdução a este capítulo que trata do fazer educacional do MAÇAÍ, a seguir
tem-se as demais sessões que o constituem: a segunda traz uma discussão teórica sobre a
educação museal, com destaque para as perspectivas das autoras selecionadas e dos autores
selecionados e para o que pôde ser apropriado em relação a esse Museu; na sequência, fezse
uma descrição analítica do processo de constituição do MAÇAÍ, porém com ênfase na
educação museal; logo, se discute a importância deste trabalho no âmbito mais amplo deste
Museu e em relação aos demais objetivos; e por fim apresentam-se os pontos principais do
capítulo à guisa de conclusões.
Educação museal – perspectivas teóricas
Educação é uma categoria conceitual da maior importância para a humanidade e isso
desde os tempos imemoriais. Dentre outros aspectos, é de se imaginar as mães e os pais
ensinando às crianças o significado das pinturas e das inscrições rupestres nas cavernas e
em outros ambientes. Aliás, do ponto de vista teórico, são muitos os approaches, mas neste
capítulo se prioriza a matriz gramsciana (GRAMSCI, 2000) que, por sua vez, privilegia a relação
crítica entre educação e cultura. É de ressaltar-se, ainda, a compreensão de Freire (1977), em
especial pelo link que estabelece entre a educação dos trabalhadores e a cultura.
Nos museus estadunidenses, a educação sempre teve um lugar de destaque. No
entendimento de Dubuc (2011, p. 505), “The educational role of the museum is intrinsically
connected to its mission, and this aspect has been developed more particularly within the
American museum tradition”. O mesmo Dubuc (2011, p. 505, apud Falk et al. 2006) enfatiza
que “Now that advances in educational science recognize the increasingly important and
active role that visitors play, the museum is widely seen as a permanent learning environment
where the individual can exert free choice”. Assim, os interesses dos turistas, pesquisadores,
estudantes etc. são essenciais na definição dos museus e da educação museal.
No que respeita à educação museal, esta tem também suas bases na discussão da
democracia a la Gramsci, e nesta direção, quer a internamente efetivada, quer a construída
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