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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Filipe N. Silva, Pedro Paulo A. Funari

público nem sempre está garantido (“coisa de museu”, expressão pejorativa de uso corrente),

em meio a publicações catalográficas também abstrusas, nada disso é muito atrativo

(TAMANINI, 2000). Filmes como Indiana Jones, Tomb Raider e Uma Noite no Museu

contribuem, claro, para uma visão edulcorada da Arqueologia e da Museologia, algo a ser

saudado pelo poder de atração, mas que não consegue superar os desafios concretos de

ambas áreas, na sua relação com o público em geral e com estudiosos de outras searas.

Arqueologia e museus, mesmo assim, constituem fontes essenciais para a vida social,

tanto pelo convívio, como pela destruição que causou e pode causar (DESVALLÉES, 1992,

1994; UCKO 1995). Museus e Arqueologia são criações modernas, do século XVIII (TRIGGER,

1985), com seus estados, nacionalistas e imperialistas (FERNÁNDEZ, 2001). Fundamentais

para o projeto do estado-nação, de criar cidadãos que falam a mesma língua, compartilham

origens étnicas e costumes ancestrais imaginados (ou inventados), superiores a outros,

Museus e Arqueologia serviram para reforçar esses traços e valores, e contribuíram, com isso,

para a destruição de culturas, de pessoas, e de ambientes. O século XX atestou o ápice disso,

nas inúmeras guerras causadas pelos embates nacionais e imperiais (DÍAZ-ANDREU, 2007).

A resistência a essas tendências esteve sempre presente, nas mais diversas formas, mas sua

explosão ficou mais evidente a partir do Pós-Guerra, com os movimentos anticolonialistas,

de direitos civis, antiguerra, pró-liberdade de comportamento, feministas, entre outros tantos.

Todos são muito mais antigos, mas intensificam-se com o passar do século XX e século XXI.

Isso leva-nos ao outro termo: pluralidade, o convívio de mais de um (FUNARI, 1999).

Em certo sentido, o contrário de universal, todos voltados para um só lugar (ou um só

comportamento). O lema dos Estados Unidos da América procura conciliar ambos os termos:

e pluribus unum (de muitos, um só, em latim). De fato, a unidade está em que todos somos

humanos, filhos de Deus, segundo muitas crenças, como o Judaísmo e o Cristianismo.

Pluralidade implica em mais (sentido da palavra) de um, de uma ideia ou comportamento,

aquilo que se tem chamado de alteridade (o outro, todos os muitos outros). Tratar o outro

como a si mesmo, eis um princípio tão expandido que foi definido como regra de ouro,

presente em preceitos Budistas, Judaicos ou Cristãos, para mencionar alguns muito antigos.

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