História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias
Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.
Janise Maria Monteiro Rodrigues Viana[…] em todas as suas formas é o resultado das ações humanas legadas paraas próximas gerações, sejam elas objetivadas em edifícios ou um conjuntourbano de caráter histórico, seja na forma imaterial, objetivada nas tradições,formas de fazer, de construir artefatos ou instrumentos musicais, de produziralimentos, de pinturas corporais e outras manifestações.Neste sentido ao refletir acerca do processo de composição do patrimônio dentro dosespaços museais contemporâneos, entende-se, conforme Jesus (2014), que deveria haveruma relação estabelecida por uma estrutura cíclica entre ser humano-objeto-ser humano,uma vez que este objeto produzido pelo indivíduo é selecionado, valorizado paraposteriormente retornar para ele, agora como documento.Nessa sequência, destaca-se um dos processos de valoração do objeto/documento,definido como musealização, segundo a Museologia. Para Brulon (2018), musealizar é mudaralguma coisa de lugar; às vezes no sentido físico, mas sempre no sentido simbólico. Érecolocar, ou dispor para enaltecer. Reordenar, sem a perda de conteúdo, mas simobjetivando a aquisição de informação ou a sua potencialidade.Todo objeto materializado tem sua parcela de imaterialidade presente. Então, o que éo patrimônio imaterial per se? O patrimônio imaterial ou patrimônio cultural imaterial, noentendimento de Braga (2010, p. 40), refere-se “[...] aos bens culturais que têm suaimportância fundamentada na atribuição de valor dada pela comunidade às suas práticas econhecimentos. Os conhecimentos, as técnicas e as festas, de grande referência para asdiversas comunidades, são bens imateriais”.Segundo o Decreto nº 3.551 de 2000, de responsabilidade do Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro écompreendido como os saberes, os ofícios, e as manifestações que se caracterizam comoreferências identitárias no entendimento dos próprios grupos que as praticam. Ao se realizaro registro do patrimônio imaterial, objetiva-se, na verdade, manter e preservar manifestações,principalmente, as do dito popular, que ainda se encontram vigentes na contemporaneidade.O museu configura-se em uma instituição histórica socialmente condicionada. Oespaço museal não é um produto acabado, mais sim, resultante de ações dos sujeitos, que310
Museu do Círio: educação patrimonial e museal em Belém do Parápassa por um processo de construção e reconstrução contínuo e, simultaneamente, sendocontextualizado e situacionado. Nesse sentido, à luz de Ferreira (2010), o processo deelucidação do patrimônio imaterial é então fundamental, tomado como função educativa porexcelência, não voltando-se meramente para instruir, memorizar e reproduzir características.Ao relacionar patrimônio imaterial e museus, nos termos de Ferreira (2010), o objetivoé mostrar como é possível compreender o passado no presente, e compreender o objeto,enquanto manifestação cultural que se apresenta como ponto de partida paraquestionamentos, comparações e reflexões, favorecendo o estabelecimento de relaçõespassado-presente, entre uma cultura e outra. Busca–se, portanto, nesta conexão, uma análisecrítica que proporcione o estímulo à criatividade, a fim de que o patrimônio cultural possa serum condutor na produção do conhecimento.Os patrimônios imateriais podem ser chamados de patrimônios culturais intangíveis,uma vez que estes relacionam-se as formas de expressão, modos de agir, festas,representações, cerimônias. Modos de manifestação cultural que não se limitam ao“material”, que escapam ao concreto e ao estável (FERREIRA, 2010). São oscilantes, podemvariar com o local, com as gerações, viajam no tempo e no espaço e nele podem diversificarse,são dinâmicos, encontram-se em constante transformação, sem que isso impossibilite seureconhecimento.Assim, os espaços museológicos não se restringem à cultura material, apesar de suagênese focar-se no objeto em si, pois conforme Cabral (2004, p. 54): “[...] o museu é o espaçodo tangível e do intangível; o acervo e sua intangibilidade, o intangível e sua materialidade”.Enquanto meio de comunicação, o museu é promotor de inclusão social e lócus de açõeseducativas.Nessa direção, explica Ferreira (2010), o patrimônio imaterial faz-se instrumentorelevante, pois com a democratização das instituições museológicas; as manifestaçõesculturais vão para além dos objetos e dos acervos, e, assim, o patrimônio intangível se tornaum difusor de ações educacionais e culturais.311
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Museu do Círio: educação patrimonial e museal em Belém do Pará
passa por um processo de construção e reconstrução contínuo e, simultaneamente, sendo
contextualizado e situacionado. Nesse sentido, à luz de Ferreira (2010), o processo de
elucidação do patrimônio imaterial é então fundamental, tomado como função educativa por
excelência, não voltando-se meramente para instruir, memorizar e reproduzir características.
Ao relacionar patrimônio imaterial e museus, nos termos de Ferreira (2010), o objetivo
é mostrar como é possível compreender o passado no presente, e compreender o objeto,
enquanto manifestação cultural que se apresenta como ponto de partida para
questionamentos, comparações e reflexões, favorecendo o estabelecimento de relações
passado-presente, entre uma cultura e outra. Busca–se, portanto, nesta conexão, uma análise
crítica que proporcione o estímulo à criatividade, a fim de que o patrimônio cultural possa ser
um condutor na produção do conhecimento.
Os patrimônios imateriais podem ser chamados de patrimônios culturais intangíveis,
uma vez que estes relacionam-se as formas de expressão, modos de agir, festas,
representações, cerimônias. Modos de manifestação cultural que não se limitam ao
“material”, que escapam ao concreto e ao estável (FERREIRA, 2010). São oscilantes, podem
variar com o local, com as gerações, viajam no tempo e no espaço e nele podem diversificarse,
são dinâmicos, encontram-se em constante transformação, sem que isso impossibilite seu
reconhecimento.
Assim, os espaços museológicos não se restringem à cultura material, apesar de sua
gênese focar-se no objeto em si, pois conforme Cabral (2004, p. 54): “[...] o museu é o espaço
do tangível e do intangível; o acervo e sua intangibilidade, o intangível e sua materialidade”.
Enquanto meio de comunicação, o museu é promotor de inclusão social e lócus de ações
educativas.
Nessa direção, explica Ferreira (2010), o patrimônio imaterial faz-se instrumento
relevante, pois com a democratização das instituições museológicas; as manifestações
culturais vão para além dos objetos e dos acervos, e, assim, o patrimônio intangível se torna
um difusor de ações educacionais e culturais.
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