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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Maria Terezinha R. Martins, Vinícius de Araújo Pacheco

Tal procedimento metodológico tem permitido que esses registros visuais dos

patrimônios comunitários cheguem até seu público como representações contextualizadas

acerca da história e da memória do lugar. Desse modo, preservando-os e valorizando-os para

as futuras gerações, a considerar sua relevância como produto transmissor de conhecimento.

Há a comunidade do Seringal ao extremo norte da ilha, onde vive um número

significativo de seringueiras. Há um pequeno grupo de moradores que se identificam como

filhos dos antigos funcionários que haviam trabalhado na produção do látex na referida

localidade. O espaço apresenta as ruínas da antiga residência do proprietário das terras, dono

da empresa, registro que testemunha a passagem de um tempo de fartura pelo lugar.

Posteriormente, com a escassez das vendas e consequentemente com o fim da produção,

essas mesmas terras foram cedidas como parte das indenizações a seus funcionários, terras

estas que agora ocupam, junto a seus filhos e netos.

É possível dizer também que o registro patrimonial da região “redesenha” a geografia

e a história do lugar, pois, no mesmo período de fabricação do látex do seringal, a fábrica de

pneus Bittar, ao outro lado da margem da Baia do Marajó, na ilha de Mosqueiro encontravase

em plena atividade. Segundo informações dos moradores, esse era um dos destinos da

produção, enquanto que outra parte era escoada para Belém às fábricas de balões artesanais.

Eis assim mais um de seus aspectos, o didático, como imagem portadora da

paisagem patrimonial de comunidades amazônicas. A imagem que identificada, “fala” sobre

o lugar, sobre sua história, suas tradições, lendas e mitos.

Pode-se dizer, assim, que museu e escola se interpenetram, já não se

diferenciando quais as atividades de um ou de outra, integrados que parecem

estar na vida cotidiana promovendo não apenas a resistência cultural e

subjetiva de uma memória social, como capacitando lideranças e instituições

organizadas para a tomada de iniciativas...na qual a comunidade se

compromete com seu futuro, com a criação de vínculos com o território, com

a construção de sua autonomia (PRIOSTI, 2013, p. 161).

Em suma, o Biomapa é um produto de uma experiência visual da nova museologia,

uma estética-cartográfica com o patrimônio comunitário representado nela, e com eles, o

conhecimento implícito e sua simbologia cultural específica do universo amazônico. São

290

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