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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Célia Souza da Costa, Maria L. S. Rita

É nos museus que também é decidido quem será o protagonista e quem será

invisibilizado, “[...] quem produz e quem consome, ou quem pensa e quem é objeto de

pensamento, materializam, nos regimes de colonialidade herdados de um passado pouco

contestado, os patrimônios valorados no presente” (BRULON, 2020, p. 3). Além do mais, os

museus são compostos por objetos transmissores de um “[...] discurso encenado por certos

atores. Suas vitrines são o resultado de escolhas de outros. Aquilo que materializam é produto

de um processo complexo e politicamente determinado que intitulamos teoricamente de

musealização” (BRULON, 2020, p. 3).

A musealização é um processo produtor de discursos e representações da sociedade

hegemônica pautada na racionalidade moderna. Com o alvorecer da decolonialidade como

um pensamento latino americano voltado para a América Latina, para a realidade dos povos

originários com o objetivo de trazer uma nova forma de pensar e atuar no mundo, a

decolonialidade desperta discussões sobre como a colonização permanece nas estruturas

sociais por meio da colonialidade do saber, do poder e do ser (BALLESTRIN, 2013).

A partir de análises sobre como a colonialidade permanece nos países latino

americanos, intelectuais como Aníbal Quijano (2005), Walter Mignolo (2003, 2010), Rámon

Grosfoguel (2009), dentre outros estimularam um levante dos povos tradicionais para reagir

diante da invisibilidade criada pela colonialidade substanciada pela modernidade que

desqualifica as minorias e trata os povos tradicionais como bárbaros, atrasados e rudes

(COSTA, 2020). Com a reação, os povos tradicionais na América Latina e também em outros

países do mundo conquistam alguns espaços institucionais, como os museus que passam

por um processo de criação de novos constructos sobre a musealização.

A descolonização do pensamento museológico significa a revisão das gramáticas

museais. O que implica na possibilidade de patrimônios e museus serem disputados por um

maior número de atores. Por sua vez, isso materializa os sujeitos subalternizados no bojo de

um fluxo cultural intenso que leve à composição de novos regimes de valor, a partir da

denúncia dos regimes de colonialidade imperantes (BRULON, 2020, p. 05). Com o avançar da

luta e resistência dos povos tradicionais em todo o mundo, foi necessário que os Estados

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