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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Célia Souza da Costa, Maria L. S. Rita

O último pensionato canadense encerrou as atividades somente em 1996. Por isso,

esta parte da história dos povos autochtones é ainda muito viva e recente. Estima-se que mais

de 150 mil crianças passaram pelos pensionatos em todo Canadá. Atualmente, 80 mil destas

pessoas estão vivas e se dizem “[...] sobreviventes [...]” deste período que foi reconhecido

pelo primeiro ministro canadense, Stephen Harper, como “[...] um triste capítulo de nossa

história” (BOUSQUET, 2012, p. 1).

Dois anos antes do pedido de desculpas do primeiro ministro, uma “Comissão de

Verdade e Reconciliação do Canadá (CVR)” foi instituída com o objetivo de tornar público

todo esse período dos pensionatos, por meio de uma coleta de arquivos e testemunhos dos

sobreviventes. Todo material serviu para a criação do relatório final apresentado em junho

de 2015, ao governo de Justin Trudeau. Este relatório da CVR contém 94 recomendações

destinadas ao governo, entre elas: a instauração de uma enquete nacional sobre o

desaparecimento das mulheres e crianças indígenas; a melhoria ao acesso dos indígenas ao

ensino superior; redução do número de crianças indígenas em famílias adotivas; melhoria à

assistência médica aos indígenas; dentre outras.

Apesar de todo sofrimento e traumas causados pelos pensionatos, muitos autochtones

saíram dos pensionatos diplomados. Glasman (2014, p. 153) indica que eles aprenderam

algumas técnicas do mundo das artes como a música, esculturas e pinturas. Alguns artistas

autochtones tornaram-se muito conhecidos no Canadá e utilizaram esse meio artístico como

um espaço para suas reivindicações e revitalização de suas culturas.

Além do mais, segundo o relatório da iniciativa de pesquisa sobre as artes

autochtones, foi neste período dos pensionatos que muitos objetos e artefatos culturais foram

recolhidos pelos arqueólogos e missionários, pois viam a possível desaparição desses povos

e suas culturas (TRÉPANIER, 2018, p. 8). Esses objetos foram vendidos a museus europeus e

de todo mundo. Assim, os povos autochtones canadenses bem como sua arte e patrimônio

culturais passaram a serem representados nos museus, por meio de da visão de antropólogos

e estudiosos ocidentais.

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