10.08.2021 Views

História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Educação museal: os casos das Louceiras do Maruanum (Amapá-Brasil) e das nações...

passam a ser alvo de políticas de assimilação da cultura ocidental. As quais perduram até os

dias atuais.

Dentre as muitas ações estabelecidas por esta lei, como os processos sedentarização e

evangelização, talvez a mais cruel seja a criação e institucionalização dos chamados pensionatos

indígenas, por todo território canadense. O primeiro pensionato foi aberto em 1863, na Colômbia

Britânica, província do Oeste canadense. Em 1920, uma reforma da Lei sobre os Índios torna

obrigatório a ida das crianças indígenas aos pensionatos dos sete aos quinze anos.

Essa obrigatoriedade forçou de modo violento e sem a permissão dos pais, a retirada

dessas crianças do convívio familiar. Elas eram levadas para os pensionatos e lá

permaneciam por dez meses e, mais tarde, retornavam para alguns meses de férias. Segundo

Lepage (2009, p. 26), essa política dos pensionatos alterou completamente a dinâmica

relacional desses povos que tiveram suas crianças e adolescentes surrupiadas de suas

comunidades, das suas tradições e costumes.

Ao chegarem nos pensionatos, as crianças eram separadas por idade e sexo, sendo

assim, os irmãos maiores eram separados dos menores, podendo reunir-se somente nos

momentos de recreação. Cada criança era identificada por um número, era proibida a

comunicação na língua materna. Elas eram forçadas a aprender falar francês ou inglês, as

línguas dos colonizadores. No pensionato, as crianças e adolescentes autochtones aprendiam

o catecismo e a cultura europeia: desde como se vestir, dormir em camas, comer e até seus

comportamentos iam se transformando. Conforme Bousquet (2012, p. 8), de povos pacíficos

e cooperativos, eles passaram a aprender a competir, e essa competição era incentivada pelos

professores e religiosos.

Além do mais, muitos sofreram abusos dos mais diversos: psicológicos, físicos e

sexuais. A experiência dos pensionatos forçou crianças e adolescentes autochtones a

imergirem em uma empresa de “[...] conversão sistemática [...]”, cuja finalidade era a

inserção de uma nova maneira de pensar, agir e se comportar (GLASMAN, 2014, p. 152). Essa

nova cultura subjulgava e ameaçava a existência social, cultural, cosmológica e tradicional

das Nações Autochtones.

265

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!