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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Educação museal, arqueologia e história do Maranhão na educação básica

Assim pode ser compreendida, por exemplo, a difusão do mito da fundação francesa

na formação histórica do Maranhão. A elaboração no campo da historiografia e sua inserção

na disciplina História do Maranhão com a transposição da obra de Ribeiro do Amaral para as

escolas mostram a constituição de uma memória histórica apoiada no predomínio da versão

de um grupo social. Do meio acadêmico, para o currículo do ensino estadual e o cotidiano

escolar, chega ao senso comum nos desfiles cívicos e na expressividade da população

maranhense ao considerar a presença francesa como início da História do Maranhão.

A abordagem curricular da História do Brasil na Educação Básica demonstra trajetória

situada a partir de um viés historiográfico tradicional, isto é, fundamentada em análises

tomando como ponto de partida a ocupação do território pelos europeus. Conforme Borges

(2004, p.14): "são os descobridores que inauguram a História do Brasil e tudo que vem antes

de sua chegada é pré-história". São desconsiderados, portanto, os processos sociais

desenvolvidos pelos nativos, anteriormente à presença portuguesa.

De modo geral, a atuação nativa foi compreendida como pitoresca, sem sua própria

história sendo objeto de estudo atribuído à Arqueologia. Ocorre, assim, o estudo dos

vestígios deixados por grupos sociais, submetidos à lógica de dominação europeia que os

classificou como primitivos pela ausência de escrita e de desenvolvimento tecnológico.

Em função disso, em referência aos indígenas, encontram-se adjetivos como

"selvagens", "atrasados", visto como ser inferior e do passado. Dentro dessa

ótica, a "catequese" do índio feita pelo branco colonizador, considerado como

aquele que detém o saber e a verdade, não é questionada, mas legitimada. Já

existem algumas referências ao índio com respeito e sem menos prezo,

embora continue sendo tratado de forma generalizada, ocultando-se, por

conseguinte, suas particularidades e a dominação que sofreu, ao longo da

história, e sofrem, ainda hoje, as poucas tribos existentes no Maranhão

(CABRAL, 1987, p. 12).

Desde a descoberta do Novo Mundo, os europeus buscaram entender o novo

continente assim como seus habitantes considerando sua natureza exótica e até misteriosa.

Percebe-se então a dificuldade em aceitar as diferenças principalmente culturais. Com isso, a

estratégia mais prática para o conhecimento do ameríndio e da América constituiu a análise

destes a partir da história europeia.

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