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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Decolonialismo e feminismo a partir da musealização da Dama de Cao

representatividade da Dama de Cao em distintos contextos. Percebe-se isso nos movimentos

políticos de mulheres, nos discursos feministas e principalmente nos processos de ensino,

locais onde normalmente as professoras são capazes de exercerem seus protagonismos 8 .

É de mencionar-se que o Museo Cao – com toda sua infraestrutura – optou, no entanto,

por uma estruturação mais tradicionalista dentro da Museologia, o que normalmente é

esperado e acaba por reproduzir um contexto científico de dominação e conquista, apoiado

na concepção do cogito cartesiano (DUSSEL, 2008; GROSFOGUEL, 2016). Apesar disso,

acredita-se que a Dama de Cao, por meio de sua representação simbólica e sua corporeidade

pode ser capaz de possibilitar um processo diferenciado e de giro decolonial dentro e fora da

própria instituição.

Um processo que se acredita que já está se construindo junto aos movimentos

populares locais e que em determinado momento vai transparecer socialmente com mais

intensidade, principalmente a partir de demandas e reinvindicações da população local. Por

fim, é de lembrar-se que além de tudo a Dama de Cao é um corpo feminino que foi construído

individualmente e culturalmente, por ela em seu contexto social, mas que hoje se encontra

exposto como um objeto de museu. Mesmo estando exibida com “[...] gran respeto al

ancestro feminino [...]”, mesmo que seu corpo esteja “[...] cubierto con un tul fino [...]” e que

“[...] se muestra al público a través de un espejo [...]”, como dito por Jordán (2017, p. 110), a

sua identidade ainda está posta como a de um outro.

Como um elemento exótico e um objeto museal igual a grande maioria e possuindo,

inclusive, uma relação aparentemente diferenciada da que se descreveu para Salta. Neste

aspecto, acredita-se que existiram negociações de dimensão apaziguadora, onde a Senhora

de Cao se tornou uma “santa” em seu andor durante uma procissão. No entanto, é possível

que ela possa ser posta como um marco histórico-cultural que permita ações decoloniais que

8

É de destacar-se que o desenvolvimento deste trabalho caminha justamente para uma compreensão

melhor de como a Dama de Cao foi assimilada e é apresentada pelas professoras do povoado de

Magdalena de Cao.

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